Kilmar Abrego Garcia, o imigrante deportado por um “erro” admitido pela administração Trump, está “traumatizado” com a sua passagem pelo Centro de Confinamento de Terrorismo (CECOT), uma prisão de alta segurança.
O estado deste homem, de 29 anos, foi atualizado pelo senador democrata Chris Van Hollen, que se encontrou com o detido durante esta semana. Na altura em que anunciou o encontro, Hollen não deu muitos detalhes, mas à chegada a Washington DC, foram dados alguns detalhes.
“Ele disse que não tinha medo dos outros prisioneiros da sua cela, mas que estava traumatizado por ter estado no CECOT e que tinha medo de muitos dos prisioneiros de outros blocos de celas que o chamavam e o provocavam de várias maneiras”, referiu.
O político, que fez figura de “idiota” com este encontro, segundo o presidente dos EUA, Donald Trump, deu ainda conta de que Abrego Garcia foi transferido há nove dias.
“Ele já não está no CECOT”, apontou Van Hollen, referindo que o homem está gora numa “numa prisão diferente, que fica bem longe de San Salvador”. O senador disse ainda que a nova instalação fica em Santa Ana, onde “as condições são melhores”, mas não forneceu mais detalhes.
Ainda em declarações aos jornalistas no aeroporto, Van Hollen afirmou que a administração Trump se comprometeu a pagar a El Salvador 15 milhões de dólares para deter prisioneiros, incluindo Abrego Garcia. Ele afirmou que quatro milhões foram “pagos” até agora.
A viagem aconteceu para colocar pressão para a libertação deste homem, que tem estado no centro da luta contra as políticas a que Trump tem dado ‘luz verde’ no âmbito das deportações.
Ainda assim, o senador apontou: “Este caso não é apenas sobre um homem, é sobre a proteção dos direitos constitucionais de todos os que residem nos Estados Unidos. Se negarmos os direitos constitucionais de um homem, estamos a ameaçar os direitos constitucionais e o devido processo legal de todos os outros nos EUA.”
Recorde-se que a deportação aconteceu há cerca de um mês e que apesar de o governo dos EUA ter admitido o erro, esta semana revelou documentos relacionados com este homem, garantido que ele “nunca mais ia viver nos EUA.”
Em causa estavam alegadas ligações ao gangue MS-13, da máfia salvadorenha – que já foram descartadas por um tribunal norte-americano – e também documentação que dava conta da existência de uma ordem de restrição por parte da esposa de Garcia, Jennifer Vasquez Sura, devido à intervenção das autoridades na relação dos dois. Ela, no entanto, defendeu o marido.
“Ninguém é perfeito, e nenhum casamento é perfeito. Isso não é justificação para a ação do serviço de Imigração em raptá-lo e de o deportá-lo para um país onde era suposto estar protegido da deportação”, apontou a mulher.