O Tribunal de Braga adiou, esta quinta-feira, a leitura da sentença de nove arguidos acusados de terem furtado 77 automóveis nos distritos de Braga e Porto que depois venderam, já viciados na matrícula, chassis e motor, a stands ou particulares. O adiamento ficou a dever-se à complexidade do caso.
O Ministério Público de Braga acusa nove arguidos, sete homens e duas mulheres – entre os 42 e os 47 anos – dos crimes de receptação, falsificação de documentos, burla qualificada e posse de arma proibida.
O MP considera que seis dos arguidos, Fernando Araújo, Fátima Araújo (casados), Cecília Araújo, Miguel Araújo, Hugo Daniel Ferreira e João Miguel Silva, praticaram um crime de associação criminosa, já que, a partir de 2006, se conluiram para furtarem ou comprarem veículos furtados, cujos documentos ou dados, falsificavam, enganando assim os compradores.
O esquema envolvia o stand Araújo, em Balazar, Póvoa de Varzim – gerido pelo casal Fernando e Fátima – e uma oficina de reparações, a Fernandes e Pinto, Lda, em Famalicão. A acusação aponta, ainda, como receptador, o stand ‘Speed’.
Os furtos eram praticados nos distritos de Braga e do Porto pelos arguidos Hugo Daniel Ferreira, e João Miguel Silva, ajudados por Jorge Rui Martins e Álvaro Lobo, através de estrocamento dos canhões das portas e da ignição. Por vezes, os carros eram empurrados à mão, para o motor pegar.
Um sétimo arguido, Paulo Rodrigues teve uma participação menor na rede. Os furtos incidiam, maioritariamente, em carros de gama média, cabendo-lhes o pagamento de quantias entre mil e os dois mil euros, por cada carro. Nos de gama alta, o pagamento duplicava.
Os compradores, liderados pelo stand poveiro, procediam, depois, à mudança da matrícula, dos números de motor e de chassis, de forma a que o comprador não detectasse o crime. Alguns eram desmantelados e vendidos por peças.
As duas mulheres, Fátima e Cecília (cunhadas entre si) estavam encarregadas da documentação dos veículos, para que pudessem ser vendidos. O stand comprava, ainda, os chamados «salvados» a companhias de seguros, viaturas acidentadas em estado irrecuperável, cujos documentos e chapas eram passados para a viatura furtada. As mudanças eram feitas na oficina de reparação que possuíam em Famalicão.
Em Outubro de 2006, a PJ de Braga desmantelou a rede, numa operação com apoio da GNR, tendo recuperado 31 veículos furtados e dezenas de documentos falsos e chapas de matrícula e motor.
Os proprietários lesados conseguiram reaver mais quatro. Dez dos 77 furtados nunca apareceram. O processo, que vai para julgamento, tem cerca de 40 lesados, que se constituíram assistentes. Na altura da busca, o MP decretou a prisão preventiva de João Miguel Silva e de Fernando Araújo e a domiciliária de Hugo Daniel Ferreira. Os três estão actualmente em liberdade.
PressMinho