No primeiro debate para o cargo de secretário-geral da ONU com outros quatro candidatos, o ex-primeiro-ministro defendeu a simplificação da linguagem para explicar a importância das Nações Unidas. Foi mesmo o candidato mais aplaudido.
No primeiro debate relativo à corrida pela eleição como secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres teve um discurso muito próximo do papel que interpretou, durante 10 anos, como Alto Comissário da entidade para os refugiados (ACNUR).
Na intervenção final na sede da organização, após perguntas dirigidas por diplomatas e pelo público, Guterres foi eloquente: “Não podem imaginar como é terrivelmente frustrante ver pessoas a sofrer e não ter uma solução para elas. E esta foi uma das razões pelas quais senti ter a obrigação de me apresentar como candidato ao cargo de secretário-geral”.
Antes explicara como considera ser preciso explicar melhor às pessoas a importância do papel desempenhado pela organização e deixou a sua perspectiva sobre liderança.
“No mundo moderno, a comunicação é absolutamente crucial e um problema grave que temos na ONU, tal como noutras organizações internacionais, é o facto de existir uma espécie de linguagem cifrada que ninguém entende, excepto aqueles que vivem na própria organização”, salientou, defendendo que a linguagem das Nações Unidas “deve ser mais clara para que todos a entendam”.
No fundo, “é preciso traduzir as inúmeras iniciativas importantes da ONU, as inúmeras coisas importantes que a ONU faz pelo mundo, numa linguagem que toda a gente compreenda. E, para ser franco, isso é algo que tenho feito ao longo da minha vida, em especial como líder político do meu próprio partido e do meu próprio governo”, disse.
Em síntese, o antigo primeiro-ministro acentuou: “Temos de falar claramente, temos de fazer as pessoas entender e empregar a linguagem que todos utilizam. Mas a liderança não é apenas comunicação – a liderança é, essencialmente, a substância. Nunca se pode vencer uma batalha pela comunicação se a substância dessa comunicação não estiver gravada nos valores necessários ao mundo actual”.
Intervindo num grupo em que também participaram outros quatro candidatos – Susana Malcorra (Argentina); Vesna Pusic (Croácia); Natalia Gherman (Moldávia) e Vuk Jeremic (Sérvia) -, o ex-líder socialista indicou ainda: “Não pretendo criticar o meu predecessor. Penso que fez um esforço fantástico e um trabalho notável”, defendeu sobre Ban Ki-moon, recebendo um coro de aplausos.
Depois do quinteto com Guterres entrou em acção outro lote de cinco candidatos: Christiana Figueres (Costa Rica), Irina Bokova (Bulgária); Helen Clark (Nova Zelândia); Igor Luksic (Montenegro) e Danilo Turk (Eslovénia).
FG (CP1200) com Económico