O Papa Francisco visitou esta sexta-feira os antigos campos de concentração nazis de Auschwitz e Bikernau, na Polónia, numa homenagem silenciosa que durou cerca de hora e meia. As únicas palavras foram deixadas em espanhol, por escrito, no livro do Museu de Auschwitz: “Senhor, tem piedade do teu povo. Senhor, perdão por tanta crueldade”.
Francisco atravessou sozinho o portão de Auschwitz, com a inscrição ‘Arbeit macht frei’ (o trabalho liberta) colocada pelos nazis durante a II Guerra Mundial (1939-1945).
O Papa optou por sentar-se em silêncio, durante largos minutos, antes de beijar um dos postes de madeira onde os prisioneiros eram executados.
O percurso seguiu para junto ao chamado “muro da morte”, no Bloco 11, no qual Francisco cumprimentou sobreviventes do Holocausto, acompanhado pelo primeiro-ministro polaco, Beata Szydlo.
Um dos sobreviventes ofereceu ao Papa uma vela, que a colocou junto ao muro, onde se inclinou, apoiado numa mão, e deixou como presente pessoal uma lamparina de bronze.
Francisco dirigiu-se em seguida, de forma privada, ao ‘bunker da fome’, dentro cela de São Maximiliano Kolbe – o religioso que ofereceu a sua vida em troca pela de outro prisioneiro, precisamente 75 anos depois da sua condenação à morte.
O pontífice argentino rezou durante vários minutos, em silêncio, na escuridão da cela de São Maximiliano Kolbe.
Francisco optou depois por sair de Auschwitz, a pé, passando de novo sozinho pelo portão antes se seguir em carro para Bikernau, campo em que percorreu a pé, com a mão direita sobre o peito, o monumento internacional às vítimas do campo, 23 lápides comemorativas nas línguas dos que foram assassinados.
O pontífice voltou a rezar em silêncio e a depositar um candeeiro junto às lápides, tendo ouvido o Rabino-Chefe da Polónia, Michael Schudrich, proclamar o salmo 130 em hebraico, o qual foi repetido em polaco pelo padre Stanislaw Ruszala.
O Papa encontrou-se ainda com um grupo ‘justos entre as nações’ – pessoas que ajudaram judeus a fugir do regime nazi.
O antigo campo de concentração nazi de Auschwitz tem sido destino de milhares de jovens católicos que se deslocaram à Polónia para participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2016, em Cracóvia.
O campo começou a funcionar em 1940 e terminou em 1945, com a chegada das tropas soviéticas, estimando-se que tenham morrido 1,3 milhões de pessoas, sobretudo judeus, ciganos, russos, presos políticos e polacos.
Uma das salas conserva ainda duas toneladas de cabelos humanos. Foi também neste campo que foram usadas pela primeira vez as câmaras de gás.
Fonte: Renascença