O Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho (NEMUM) está a promover a terceira edição do projeto “Aldeia Feliz”, que visa dar apoio médico a 200 idosos isolados de seis aldeias do concelho dos Arcos de Valdevez. As visitas ao domicílio, que decorrem até domingo, incluem rastreios cardiovasculares, identificação de problemas de saúde e mobilidade, bem como a avaliação das condições de habitabilidade e o grau de dependência.
Este programa de intervenção – diz o organismo – conta com a participação de 26 estudantes voluntários de Medicina que, ao longo de quatro dias, fazem a avaliação de múltiplos fatores de risco e determinantes da qualidade de vida dos idosos das aldeias de Cabreiros, Soajo, Senharei, Cabreiro, Sistelo e Cabana Maior, situadas na zona do Parque Nacional Peneda-Gerês. Serão desenvolvidos rastreios cardiovasculares com a medição dos níveis de glicemia, tensão arterial, índice de massa corporal e perímetro abdominal, bem como sessões de sensibilização e prevenção para a importância da adoção de comportamentos saudáveis.
Além disso, serão identificados os principais problemas e queixas dos idosos, as patologias já diagnosticadas e as condições de habitabilidade, através do preenchimento de um formulário que visa a caracterização completa dos pacientes. O projeto pretende ainda explicar aos veteranos como proceder em situações de emergência, dar-lhes dicas para não confundir a medicação e informá-los devidamente quanto ao tipo de apoio social existente naquela região. No último dia, prevê-se a realização de um convívio, palestras sobre envelhecimento ativo e rastreios destinados à comunidade em geral.
Isolamento pode levar a decadência
A desertificação e o envelhecimento de muitas aldeias portuguesas contribui para a suscetibilidade da sua população a múltiplos fatores de fragilidade social, pondo em causa a satisfação das suas necessidades mais básicas como a acessibilidade a cuidados de saúde, a higiene pessoal, o contacto com o exterior, a preparação das refeições diárias, entre outros.
“O envelhecimento populacional português sobeja e, com ele, todos os riscos associados ao isolamento da terceira idade. A existência de comorbilidades também é frequente, o que impede o normal desempenho das atividades diárias por parte dos mais velhos. É neste quadro social que se enquadra o alvo de intervenção deste projeto”, afirma João Dourado, presidente do NEMUM. A iniciativa conta com o apoio da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, das juntas de freguesia das aldeias intervencionadas e da Escola de Ciências da Saúde da UMinho.
Luís Moreira (CP 8078)