O milionário e candidato à Casa Branca Donald Trump gastou mais de 250 mil dólares da sua fundação de caridade para resolver os problemas legais de empresas em nome pessoal com fins lucrativos.
A investigação do Washington Post vem acrescentar dados à polémica que começou há uma semana e que tem a fundação de Trump no centro de várias ligações suspeitas.
Segundo o jornal norte-americano, Trump usou 258 mil dólares da sua fundação para fins pessoais, algo que é proibido pela lei dos Estados Unidos, numa operação que tem como nome ‘self-dealing’.
A Donald J. Trump Foundation é uma organização privada de caridade criada por Trump em 1987. A fundação arrancou com o dinheiro angariado pela venda do livro ‘The Art of the Deal’, um best-seller escrito Tony Schwartz em parceria com o milionário, e que dava conselhos sobre como chegar ao topo no mundo dos negócios.
Muitas das contribuições à fundação de Trump estavam ligadas a pagamentos feitos ao próprio, por exemplo, o canal Comedy Central pagou 400 mil dólares depois de Trump ter aparecido numa sessão de ‘Roast’, uma espécie de homenagem onde o convidado é alvo das piadas de uma série de personalidades.
O procurador-geral de Nova Iorque, Eric Schneiderman, abriu um inquérito à fundação Trump na passada semana, justificando esta medida com “preocupações de que a Fundação Trump possa ter-se envolvido em alguma actividade imprópria”.
Este inquérito foi aberto depois de se saber que a Autoridade Tributária Americana tinha multado a fundação de Trump em cerca de 2.225 euros por ter feito uma doação ilegal para a campanha da procuradora-geral da Flórida, Pam Bondi, uma apoiante do agora candidato presidencial. Pam Bondi também está no centro de uma polémica uma vez que decidiu não investigar alegadas irregularidades na Universidade Trump.
Para além desta doação, há relatos do uso da Fundação Trump para comprar objectos para uso pessoal do milionário, algo que não é compatível com uma organização sem fins lucrativos.
Dados revelados hoje pelo Washignton Post, mostram documentos judiciais e facturas da fundação em que estão descritos processos ilegais da fundação Trump.
Num dos casos, datado de 2007, o resort de luxo Trump’s Mar-a-Lago Club, na Flórida, acordou pagar 120 mil dólares de dívida que tinha para com o condado de Palm Beach através de uma doação de caridade para com os veteranos. Ficou acordado entre as partes uma doação no valor de 100 mil dólares. Trump acabou por transferir este valor para os veteranos através da conta da sua fundação, que, de acordo com os registos fiscais, é praticamente só financiada através do dinheiro de doações de particulares.
Este não é o único caso agora denunciado. Em 2013, Trump usou 5 mil dólares da fundação para promover a sua cadeia de hotéis. Já em 2014, Trump tinha comprado um retrato dele próprio no valor de 10 mil dólares, compra que fez com dinheiro da Donald J. Trump Foundation.
A última vez, de acordo com os registos fiscais, em que Trump meteu dinheiro na sua fundação foi em 2008, desde então a Trump Foundation apenas vive graças a contribuições de particulares.
A fundação de Trump não tem uma missão claramente definida e não apoia um problema social especifico.
Desde 2012, a Fundação deu muito dinheiro para financiar pessoas ligadas a grupos políticos conservadores. Uma situação perfeitamente legal, uma vez que a lei americana não faz uma distinção entre pessoas singulares e doações com vista a fins partidários.