O Tribunal de Braga prossegue, esta sexta-feira, a audição das testemunhas no julgamento de 37 arguidos acusados dos crimes de corrupção passiva e activa, supostamente por ajudarem instruendos a passar no exame de condução automóvel a troco de dinheiro.
Na primeira sessão, e depois de os arguidos terem dito que não queriam falar, “por agora”, o Tribunal ouviu o inspector-chefe da Brigada de Crime Económico da PJ/Braga, Henrique Correia, que contou o modo como a PJ fez vigilâncias e escutas telefónicas aos arguidos e à entrada do antigo Centro de Exames da ANIECA- Associação Nacional dos Industriais do Ensino de Condução Automóvel.
Agora vai dar voz ao testemunho de outros dois ‘PJ´s’, do queixoso, o industrial do ramo, António Fontes, de um ex-examinador e do proprietário da Escola de Condução Mariana, que vai “contar tudo”. E de mais 22 alunos que disseram ter pago para passarem nos exames.
Na ocasião, o futebolista Fábio Coentrão foi apontado como um caso paradigmático do funcionamento de um alegado esquema de corrupção no antigo Centro de Exames da ANIECA em Vila Verde, que durou de 2012 a 2014. “Chegou atrasado ao exame teórico. Minutos depois entrou um segundo examinador, Joaquim Oliveira, que não era suposto lá ir. Fez a prova em sete minutos”, contou ao Tribunal o Inspector-Chefe, Henrique Correia.
No dia, o jogador guiou o seu carro até Prado. À porta do Centro estavam oito elementos da PJ em vigilâncias e escutas telefónicas. E em comunicação “aberta” com o IMT, Instituto de Mobilidade dos Transportes – hoje IMTT -, que, por sua vez, monitorizava os computadores onde os alunos respondiam às questões do Código da Estrada.
A PJ apanhou, depois, uma conversa onde se falava em quatro mil euros em cheque pela ajuda no exame. O examinador recusou o método. Mais tarde, Coentrão confessou e passou de arguido a testemunha, pagando 300 euros a uma instituição de solidariedade.
Luís Moreira (CP 8078)