O depoimento prestado por Pedro Bourbon à juíza de instrução criminal do Porto foi anulado, por não ter sido presenciado pelos advogados dos outros arguidos, no processo do rapto mortal do empresário João Paulo Fernandes.
Segundo apurou esta quarta-feira O PressMinho junto de fontes judiciais, o advogado bracarense e aqui arguido, Pedro Grancho Bourbon, voltará a ser interrogado na próxima segunda-feira à tarde pela mesma magistrada judicial, no Porto.
Pedro Bourbon, nas suas anteriores declarações, afirmou que os seus próprios dois irmãos, o advogado Manuel e o economista Adolfo, estão envolvidos no homicídio, cuja responsabilidade moral e material atribui ao seu amigo de infância, Emanuel Marques Paulino, já conhecido por ‘Bruxo da Areosa’.
Pedro Grancho Bourbon, defendido pelo advogado António Barreto Archer, nega qualquer tipo de envolvimento no rapto e assassínio de João Paulo de Araújo Fernandes, de 41 anos, sequestrado em 11 de Março do ano passado, ao princípio da noite, quando entrava com a sua filha única, de oito anos, na garagem do apartamento, na Avenida António Palha, em Lamaçães, Braga.
O advogado Pedro Bourbon pediu à juíza de instrução criminal do Porto que o liberte já, nem que seja com pulseira electrónica, na sua casa, em Braga, o que alega “justificar-se” pela “colaboração” que diz “ter prestado à Justiça”.
Pedro Grancho Bourbon, acusado de 12 crimes de autoria moral do sequestro e assassínio do empresário bracarense João Paulo Fernandes, raptado frente à sua filha, de oito anos, na noite de 11 de Março do ano passado, admite ter inculpado os dois irmãos e reitera ainda as acusações ao ‘Bruxo da Areosa’.
No seu requerimento, ao qual o PressMinho teve acesso, Pedro Bourbon diz que “tive a coragem de identificar como único mandante de tais crimes” o seu antigo amigo de infância Emanuel Marques Paulino, ‘Bruxo da Areosa’.
O advogado bracarense, preso preventivamente desde Maio de 2016, referiu ter “revelado factos novos de enorme relevo, mas que só agora fui capaz de desvendar, vencendo os receios e obstáculos psicológicos que têm impedido de falar abertamente sobre o caso”, que tirou a vida a João Paulo Fernandes.
Pedro Bourbon revela agora publicamente as suas declarações prestadas em 1 de Fevereiro deste ano, sempre à porta fechada, perante a juíza de instrução criminal, segundo as quais “Emanuel Marques Paulino confessou-me poucos dias após ter sido ele efectivamente a decidir e organizar o desaparecimento de João Paulo”, raptado e no dia seguinte assassinado por estrangulamento.
O antigo secretário-geral do Partido Democrático Republicano (PDR), Pedro Bourbon, então número dois do eurodeputado António Marinho e Pinto, diz que os seus dois irmãos, o advogado Manuel Bourbon e o economista Adolfo Bourbon, “terão colaborado na execução do plano gizado por Emanuel para desaparecimento do empresário João Paulo Fernandes”, raptado à porta de casa, em Braga, tendo sido depois estrangulado e desfeito em ácido sulfúrico.
Pedro Bourbon salienta que os seus dois irmãos “estavam dominados pela influência psicológica e emocional de Emanuel Paulino, de quem dependiam economicamente”, admitindo inclusivamente «sujeitar-se ao terrível drama de ter que incriminar os meus próprios irmãos”, além do ‘Bruxo da Areosa’.
Para Pedro Bourbon, “fica assim demonstrada a ruptura de toda de qualquer ligação que se pudesse estabelecer entre mim e o grupo que participou na sua execução”, referindo-se ao rapto, assassínio, furto de carros e outros crimes.
JG (3022)