A Biblioteca Pública de Braga (BPB) apresenta até 30 de maio a exposição “Fátima 1917-2017: relatos e retratos”, com dezenas de obras e artigos publicados sobre as “aparições” marianas e sobre o seu impacto ao longo das décadas. A mostra está patente no átrio desta unidade cultural da UMinho, tendo entrada livre de segunda a sexta-feira, das 9h00-12h30 e 14h00-17h30. A iniciativa insere-se nos 175 anos da BPB.
A exposição tem oito núcleos temáticos: a história; os protagonistas, os testemunhos e as memórias; os peregrinos e a peregrinação; a mensagem; as polémicas; as construções e os tesouros; Fátima no cinema, na poesia e na música; trabalhos académicos e documentos históricos. Face à importância das publicações periódicas da BPB, dá-se ainda atenção especial ao acontecimento na imprensa periódica, incluindo as visitas a Portugal dos Papas Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991, 2001) e Bento XVI (2010), somando-se em 2000 a beatificação dos videntes e a revelação do terceiro ‘segredo de Fátima’.
A mostra documental pretende estimular a reflexão sobre a história social de Portugal e a história das religiões, dando a conhecer a construção do fenómeno que é Fátima, que se tornou um dos principais destinos de turismo religioso no mundo e atrai seis milhões de pessoas por ano.
“Apesar da sua complexidade, não é possível ignorar a abundante literatura produzida por autores nacionais e estrangeiros sobre o tema, desde os apologistas mais sinceros aos céticos mais radicais”, diz o diretor da BPB.
Elísio Araújo realça que as manifestações iniciais ocorreram entre maio e outubro de 1917, num momento social e político difícil da I República, às portas da I Guerra Mundial e com o espectro da guerra entre os portugueses, da miséria extrema nos meios urbanos e rurais, da instabilidade do regime de matriz laica e anticlerical e no rescaldo da radicalização religiosa. Essas manifestações foram consagradas pelo juízo popular e pela imprensa como “aparições” ou “milagres” e, nos anos 1930 e 1940, em pleno Estado Novo, Fátima tornou-se o polo central do catolicismo português, com o estatuto de “altar do mundo”.
Luís Moreira CP 8078)