Salman Abedi pode ter actuado através de uma rede e isso, por sua vez, é uma indicação de um novo atentado terrorista no Reino Unido pode estar “iminente”. O governo decretou o nível crítico de alerta, o mais alto de todos, apenas anunciado duas vezes desde que foi criado, em 2006 – logo esse ano, quando as autoridades desvendaram um plano que podia ter causado explosões em sete aviões com destino à América e, em 2007, ao descobrir-se um projecto de atentado contra uma discoteca no Haymarket de Londres.
Esta quarta-feira, a mais evidente consequência do nível crítico era a presença de militares britânicos nas ruas. Por enquanto são 984 soldados armados, mas o plano pode convocar mais algumas centenas, até aos 3800. A ideia é libertar outros agentes armados para que possam participar em operações antiterrorismo, enquanto os soldados se encarregam das tarefas de defesa em locais turísticos e edifícios de governo.
A primeira-ministra britânica garante que os reforços militares não se vão enquistar na paisagem, como aconteceu em França desde os atentados de Paris, sinal do estado de emergência que ainda vigora e já se tornou o mais longo desde a guerra na Argélia.
Mas há receios de que a presença militar se possa prolongar até às eleições de dia 8 de Junho, o que pode ter algum impacto emocional e eleitoral num país que se orgulha em exercer um policiamento por “consentimento”, sobretudo executado por agentes desarmados. “Isso seria sequestrar as eleições”, argumenta Jonathan Freedland no Guardian, dizendo que a decisão de mostrar uma mão forte depois do atentado em Manchester a alguns dias das eleições não é uma decisão inteiramente inocente por parte de May.
O destacamento de militares também parece revelar que as autoridades britânicas sentem dificuldades em recrutar mais polícias armados, como escrevia esta quarta-feira o Financial Times – há apenas 5500 em Inglaterra e Gales e o governo promete mais 1500 agentes armados depois dos atentados em Paris e Bruxelas.
FG (CP 1200) com SOL