O eurodeputado do PSD José Manuel Fernandes revelou, em Braga, que o Parlamento Europeu está a debater a introdução de uma taxa sobre cada robot usado na indústria europeia, para aplicar em políticas sociais, nomeadamente as de combate ao desemprego.
“A introdução de robots na economia destrói o emprego, pelo que esta taxa contribuiria para o equilíbrio social e para estimular políticas activas de emprego”, sublinhou José Manuel Fernandes, intervindo no ciclo de conferências da Comissão de Protecção ao Idoso (CPI) que decorreu sexta-feira no auditório da Santa Casa da Misericórdia de Braga.
Numa sessão que abordou o tema ‘Necessidades e desafios de uma sociedade envelhecida: que respostas sociais’, sob moderação da gerontóloga Sandra Paula Barradas, o eurodeputado apontou o humanismo e as relações de proximidade como essenciais na acção social. A iniciativa contou ainda as presenças do provedor da Misericórdia, Bernardo Reis, dos presidentes da direcção e da assembleia geral da CPI, respectivamente Carlos Branco e Eduardo Duque.
José Manuel Fernandes alertou que o debate parlamentar em torno da introdução da taxa tem passado despercebida na opinião pública.
DIMENSÃO SOCIAL DA UE
Aproveitou ainda destacar a dimensão social do projecto europeu, lembrando que a UE tem apenas 7% da população mundial – 500 milhões de pessoas – mas assume mais de 50 por cento do volume total de despesa em políticas sociais no Planeta.
“ A UE é também o maior doador mundial de ajuda humanitária e ao desenvolvimento com 60 por cento do total”, acrescentou.
O eurodeputado defendeu que a UE necessita de um crescimento sustentável, onde a inclusão social é fundamental, sublinhando que tem respostas excelentes, e onde nunca falta o calor humano.
Nesse sentido, deu os parabéns à CPI pelo incentivo que dá ao voluntariado e frisou que o Estado nem sempre percebe o papel das Misericórdias e das associações de solidariedade social na coesão social do país.
Sobre políticas específicas para os nossos “mais velhos”, destacou a necessidade de se manterem nas famílias sempre que possível, e defendeu um envelhecimento activo, que, por exemplo, não impeça as pessoas, que ainda o podem fazer, de continuar a trabalhar.
“Vai-se perder o saber de pessoas que ainda podem dar um contributo à sociedade?”, questionou o eurodeputado, deixando ainda um alerta para a queda da natalidade em Portugal. “A média de idade actual da população portuguesa é superior a 40 anos, quando há 50 era de 27”, exemplificou.
José Manuel Fernandes acentuou que as instituições sociais podem recorrer a vários programas comunitários – que elencou no livro ‘A inclusão social em Portugal’ – apontando o caso do Plano Juncker a que as misericórdias portuguesas vão concorrer com um grande projecto.
Conforme lembrou o eurodeputado, Portugal recebe actualmente 11 milhões de euros por dia de fundos comunitários, 35% dos quais são para programas de inclusão do Fundo Social Europeu.
Referindo-se à actualidade europeia, José Manuel Fernandes criticou a tendência que se verifica em alguns países, através de formações políticas extremistas, de enveredar pelo egoísmo nacionalista, apontando o exemplo do Brexit no Reino Unido.
Respondendo a questões dos presentes, José Manuel Fernandes recordou que foi o autor de dois projectos-piloto lançados pela UE: o ‘Teu 1.º emprego Eures’, para jovens até 35 anos, e o Reactitave, para pessoas com mais de 35 anos. E desafiou os presentes a darem sugestões para um possível projecto-piloto na área social que se aplique em Portugal e em toda a União.