Grávida de risco às 26 semanas, Maria Elisabete teve de ser transferida do hospital de Guimarães para o Centro Materno-Infantil do Norte, Porto, por causa do protesto dos enfermeiros especialistas, que afecta blocos de parto e serviços de obstetrícia.
“Estou longe da família e não conhecia ninguém das equipas aqui”, disse à agência Lusa Maria Elisabete, que no dia 13 de Julho foi a uma consulta em Guimarães e acabou por ter de ser internada de urgência. Contudo, o serviço de obstetrícia de Guimarães “estava praticamente fechado” e foi, logo nesse dia, transferida para o Porto.
Os próximos dias ou semanas são uma incógnita, admite, sublinhando a dificuldade que tem sido estar longe da família e internada com uma gravidez de risco num serviço e com profissionais que desconhece.
O serviço foi afectado pela paralisação dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica, que estão, desde o início do mês, em protesto contra o não pagamento dos seus serviços especializados, assegurando apenas cuidados indiferenciados de enfermagem.
O ministro da Saúde considerou já o protesto dos enfermeiros especialistas como condenável do ponto de vista ético e deontológico, lembrando que o Governo não pode ceder a “exigências intempestivas”.
“O Governo não pode ceder a atitudes que são, do ponto de vista ético e deontológico, muito criticáveis”, disse Adalberto Campos Fernandes na terça-feira à agência Lusa.
O Ministério da Saúde pediu um parecer urgente ao conselho consultivo da Procuradoria-geral da República (PGR) sobre a legalidade deste protesto dos enfermeiros, mas até ao momento ainda não o recebeu.
Já o bastonário da Ordem dos Médicos considerou lamentável que o ministro da Saúde ainda não tenha resolvido a situação que motiva o protesto dos enfermeiros especialistas.
FG (CP 1200) com Lifestyle