“A partir de agora, não vamos investir nem mais um cêntimo na manutenção das vias”, ameaça Joaquim Cracel. O desabafo do presidente da Câmara de Terras de Bouro revela o mal-estar provocado pela contratação de uma empresa de segurança privada para cobrar a taxa de acesso à Mata da Albergaria, no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).
Cracel diz estar “surpreendido” pela decisão do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), assegurando que a autarquia não teve conhecimento, nem foi consultada sobre esta matéria.
“Há uns anos, a cobrança era feita por jovens, que assim ocupavam os tempos livres de Verão”, solução “menos onerosa” e que permita o município “arrecadar verbas que seriam aplicadas na manutenção das vias”, refere o autarca bourense.~
Joaquim Cracel sublinha que “desde sempre” tem sido a Câmara, a fazer a manutenção as vias dentro do PNPG na área do concelho, apesar do Parque ser a “exclusiva responsabilidade” do Instituto.
A cobrança de ‘portagens’ de 1,5 euros por cada viatura que, nos meses de Verão, entra na Mata da Albergaria rende anualmente cerca de 70 mil euros, avança Cracel.
ICNF NÃO CUMPRE
O autarca acusa ainda o ICNF de não se ter disponibilizado para, em conjunto com a Câmara, concretizar a resolução do Conselho de Ministros de Dezembro passado, que estipula um investimento de 430 mil euros para intervenções na gestão e ordenamento da Mata.
Além da promoção de transportes alternativos, a verba em causa seria aplicada em intervenções em caminhos e acessos, nomeadamente do caminho florestal entre Leonte e Portela do Homem, sinalização e implementação de espaços de estacionamento na periferia.
O investimento para este ano de cerca de 200 mil euros também está parado porque, explica Joaquim Cracel, falta a autorização do ICNF. Ou seja: “não se fez rigorosamente nada”.
Fernando Gualtieri (CP 1200)