A Câmara de Braga e a Arquidiocese chegaram a acordo sobre o ‘abandonado’ Cinema S. Geraldo. O espaço tem já futuro definido: equipamento cultural para um “projecto aglomerador”, o Media Arts Centre.
Apesar de defender que a regeneração urbana e de reabilitação dos edifícios degradados ou devolutos nas zonas centrais da cidade “deve resultar em primeira instância de iniciativas dos proprietários privados e não da municipalização de tais imóveis, o que seria financeiramente incomportável e politicamente reprovável”, a autarquia leva à reunião de executivo da próxima segunda-feira uma minuta de contrato de arrendamento, com opção de compra, do velho cinema, há duas décadas em degradação.
A autarquia – lê-se em nota enviada à imprensa – “ não ficou indiferente ao rol de propostas de parceria e até oportunidades de colaborações mecenáticas formuladas por diversos agentes culturais, no quadro da assunção da candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura em 2027, que apontam para a utilização do S. Geraldo como equipamento cultural de retaguarda em relação a outras valências já existentes e a criar”.
PROJECTAR O FUTURO
“A cidade reclama, assim, a existência de um novo equipamento capaz de acolher um projecto aglomerador que se projecte no futuro, pelo que o S. Geraldo poderá constituir um espaço que contribua para corporizar de forma ainda mais robusta estes projectos”, adianta a Câmara.
Recorde-se que Lídia Dias, vereadora da Cultura, em entrevista recente, tinha defendido a necessidade de outro equipamento cultural para complementar a actividade do Theatro Circo e do gnration, opinião defendida também pelo vereador comunista, Carlos Almeida.
A ‘cedência’ da autarquia – que nunca manifestou um interesse claro em intervir no processo de recuperação do S. Geraldo- é agora justifica pela candidatura de Braga a Cidade Criativa Unesco na área das Media Arts.
“A cidade integrou um projecto pioneiro da União Europeia na vertente de desenvolvimento de espaços de incubação criativa e desenvolvimento de residências artísticas em meio urbano, o qual poderá permitir o acesso a linhas de financiamento”, afirma a autarquia na proposta.
MEDIA ARTS CENTRE
O Media Arts Centre pretende apresenta-se como “um espaço de convergência entre arte, ciência e tecnologia e o meio privilegiado para a criação, experimentação, aprendizagem, apresentação e exposição da produção em Media Arts”, assumindo o papel de “um espaço multipolar, criando assim uma rede urbana que liga diferentes estruturas com funções e dinâmicas complementares: residências, espaços expositivos, laboratórios, makerspace, hackerspace e espaço de cowork entre artistas e empresas”.
O S. Geraldo pode, afirma a autarquia, integrar a rede do Media Arts Center disponibilizando espaços expositivos e espaço de trabalho para residências artísticas, acolhendo ainda o projecto Starts, complementado os já existentes no gnration.
De acordo com a nota, a autarquia avança que “o entendimento – corporizado em dois contratos autónomos de arrendamento dos edifícios S. Geraldo e Pé Alado, ambos com opção de compra – muito contribuiu a disponibilidade da Arquidiocese de Braga, na pessoa do arcebispo, D. Jorge Ortiga, e do promotor privado do Mercado Urbano, cujo projecto poderá ser reorientado para outro local no centro da cidade”.
Fernando Gualtieri (CP 1200)