Uma equipa liderada pelo Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho mostrou pela primeira vez que o cérebro de doentes com Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) apresenta padrões atípicos de conetividade mesmo quando está a descansar e que estes padrões se relacionam com alterações da própria estrutura cerebral.
O estudo acaba de ser divulgado na revista ‘Translational Psychiatry’, do grupo Nature, podendo abrir pistas para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas mais eficientes. Esta doença afeta 4.4% da população portuguesa.
A POC afeta entre 2 a 3% da população mundial. Caracteriza-se por pensamentos repetidos e intrusivos que causam ansiedade (obsessões) e provocam a necessidade de ações repetidas para aliviar o sofrimento (compulsões). Manifesta-se em todas as idades, sobretudo em adultos jovens, e afeta igualmente homens e mulheres. A Organização Mundial da Saúde considera-a uma das dez patologias mais incapacitantes na redução da qualidade de vida e dos rendimentos.
A Reitoria adiantou que, “com recurso a uma abordagem baseada em ressonância magnética funcional, o grupo de trabalho analisou a atividade cerebral de doentes com POC e de indivíduos saudáveis, enquanto estes se encontravam num estado de repouso. Concluiu-se que as pessoas obsessivo-compulsivas têm uma menor sincronia cerebral em duas sub-redes principais: a primeira formada por regiões do córtice orbitofrontal, polos temporais e córtice cingulado anterior; a segunda constituída por regiões dos córtices sensoriomotor e occipital”.
“Esta configuração parece estar associada a um processamento emocional alterado nestes doentes, o que conduz a uma incapacidade de regular e diminuir a ansiedade provocada pelos pensamentos obsessivos”, explica Pedro Morgado, responsável pelo estudo e professor da Escola de Medicina.
O estudo, intitulado ‘The neural correlates of obsessive-compulsive disorder: a multimodal perspective’, foi realizado por Pedro Moreira, Paulo Marques, Ricardo Magalhães, José Miguel Soares, Nuno Sousa (todos do ICVS), Carles Soriano Mas (Instituto de Saúde Carlos III, Espanha), além do coordenador Pedro Morgado.
Luís Moreira (CP 8078)