O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, depôs esta quarta-feira como testemunha no julgamento do ex-presidente da Câmara de Braga, o socialista Mesquita Machado, e de cinco ex-vereadores, tendo afirmado que votou contra a aquisição de três prédios anexos ao convento das Convertidas por discordância política.
O autarca disse que Mesquita Machado lhe mostrou um documento segundo o qual os três edifícios já não pertenciam à firma CCR II, que era detida a 50 por cento pelo genro. Tinham sido vendidos ao outro sócio. O documento – acrescentou – demonstrava, ainda, que não impedia nenhuma hipoteca bancária nem qualquer outro aval, sobre a filha e o genro.
Na opinião de Ricardo Rio, era preferível construir a Pousada da Juventude – prevista para um dos três prédios a comprar pela Câmara – na antiga escola Francisco Sanches – propriedade municipal – ou uma solução como a que foi acordada, agora, com a Movijovem, a recuperação da actual Pousada na Rua de Santa Margarida e a sua cedência, ao município, por várias décadas.
O ex-autarca socialista está acusado de participação económica em negócio e abuso de poder no chamado ‘negócio das Convertidas’.
Ouvido, na primeira sessão do julgamento, defendeu-se dizendo que a expropriação dos prédios anexos ao Convento não traria “nenhum benefício” para o seu genro e para a filha, bem como para as sociedades por eles detidas. Disse que agiu em nome do “interesse municipal”, para desenvolver um projecto de regeneração urbana do quarteirão, na Avenida Central.
Projecto que, assinala, além da Pousada da Juventude, passava pela instalação do Centro Atlântico da Juventude e de um local para alojamento de investigadores.
“Agi convencido de que era certa a futura cedência do antigo Convento pelo Estado, desde que a Câmara assumisse os encargos de reabilitação”, afirmou, quando interrogado pela juíza ou pela Procuradora do Ministério Público, acrescentando que o então ministro Miguel Macedo lhe disse que não se oporia à entrega do edifício para se transformar em pousada.
Na acusação, o MP sustenta que o ex-presidente urdiu uma estratégia – a compra de três prédios por três milhões de euros – para tentar salvar o genro, José Pedro Castro Rodrigues, e a filha que podiam ficar sem todos os bens pessoais, por causa de dívidas de 2,6 milhões de euros ao BCP e de mais dois milhões a Manuel Duarte, um empresário da cidade.
Luís Moreira (CP 8078)