São 22 jovens de etnia cigana, a maioria do bairro social de Santa Tecla. Reúnem-se periodicamente em Braga. Querem, entusiasticamente, agarrar o futuro, ter formação educativa e um emprego. E são capazes de reflectir sobre os seus próprios problemas: “isolamento da comunidade, representações negativas sobre o bairro onde vivem, falta de emprego, preconceitos, baixas expectativas, maior civismo e ausência de uma habitação digna”.
O grupo interveio activamente num seminário organizado pelos projectos, ‘Geração Tecla’, da Cruz Vermelha Portuguesa de Braga (CVP) – que abrange a zona sul de Vila Verde (três jovens são da Vila de Prado), e ‘Renascer o nosso bairro’ da Câmara Municipal de Braga.
Com a presença, no encerramento, do vice-presidente do município, Firmino Marques, do administrador da empresa municipal de habitação, BragaHabit, Vítor Esperança, do patriarca da comunidade, o “tio Gomes” e de técnicos.
O evento, realizado na TOCA, da associação Sinergias, durou três dias e teve a participação de jovens de Braga, de Prado, e de outras cidades: “veio aqui um grupo de Lisboa que tem formação universitária e tem emprego, o que é um incentivo para os outros”, frisou.
A reflexão que fizeram resultou em propostas concretas: criação de um espaço do cidadão no bairro e de uma Escola, intitulado o ‘Futuro sou eu’.
A coordenadora da iniciativa, Virgínia Santos disse que o espaço do cidadão terá funções de apoio social aos moradores, incluindo uma vertente de acolhimento de crianças- “uma espécie de ATL” – para que os pais possam ir trabalhar sem constrangimentos. Já a Escola será orientada para a formação dos moradores e o desenvolvimento de competências, sobretudo dos que andam na escola.
As propostas incluem a realização de conferências sobre “civismo” e de um ‘workshop’ sobre as «baixas expectativas» dos jovens ciganos.
Presente na sessão, o vice-presidente do Município, Firmino Marques incentivou os jovens a concretizarem os projectos e a candidatarem-se ao programa autárquico “boot-camp”, através do qual podem ter cinco mil euros. E aos de outras instituições.
Lamentou que tenha sido retirada do bairro uma valência de ensino pré-escolar, o que agora obriga os residentes a terem de andar mais de um quilómetro para levarem as crianças. “Vamos lutar para que essa valência regresse”, afirmou.
O presidente da Cruz Vermelha, Armando Osório e o administrador da BragaHabit, Vítor Esperança consideraram que os projectos são viáveis, tendo este último frisado que vêm de encontro às iniciativas, em curso, de regeneração dos bairros sociais. “Temos verbas para este tipo de projectos e vamos trabalhar em conjunto”.
Luís Moreira (CP 8078)