O Orçamento Municipal, cujo valor global ascende aos 36 milhões de euros, foi esta quinta-feira aprovado pela Assembleia Municipal de Vila Verde com 15 abstenções. O PS lamenta não ter sido chamado a contribuir.
De acordo com os socialistas, o executivo violou o Direito da Oposição, previsto na lei, ao não solicitar contributos dos restantes membros do executivo, assumindo uma postura “arrogante” e “de soberba”.
“Os contributos da oposição permitiriam ter um orçamento mais rico, porque todos queremos trabalhar em prol dos vilaverdense. Ninguém sabe tudo nem ninguém é dono da razão”, defendeu Pedro Feio, do PS.
Os socialistas criticaram também as “promessas repetidas” relativamente ao saneamento e à melhoria da rede viária, assim como a falta de dotação orçamental para a construção da Variante à EN 101.
Na resposta, a social-democrata Susana Silva acusou o PS de ter feito um ataque pessoal ao presidente da Câmara e de não querer a melhoria do concelho.
“Este é um documento de contenção e rigor, que mostra estratégia e vontade de trabalhar para o desenvolvimento de Vila Verde”, apontou.
A intervenção da deputada do PSD originou um pedido de defesa da honra da bancada do PS, feito por Martinho Gonçalves, que inflamou os ânimos e que, num primeiro momento, foi negado pelo presidente da Assembleia, Carlos Arantes.
Falou então António Vilela para frisar que este é um orçamento que coloca o saneamento como prioridade, destina 70% das verbas para funções sociais, define um conjunto de acções de desenvolvimento do concelho em vários domínios e prevê “um aproveitamento integral” dos fundos comunitários.
“Quando o PS se abstém é porque não quer o saneamento, a água, a melhoria da rede viária, as ecovias e ciclovias e tudo aquilo que defendemos”, criticou.
MARTINHO E O 25 DE ABRIL
Ora, depois da intervenção de Vilela, Carlos Arantes permitiu que Martinho Gonçalves fizesse a defesa da honra da bancada… e o socialista passou ao ataque.
“Estamos numa organização política, em que há tomadas de posição políticas. Não podemos querer unanimidade em tudo. O discurso do senhor presidente da Câmara é de alguém de antes do 25 de Abril, em que se apelava à união”, apontou.
Já com muitos comentários vindos da Assembleia, Martinho Gonçalves acabou a intervenção a dizer que “pensar de maneira diferente não é nenhuma ofensa”.
A ABSTENÇÃO DE CARLOS PEDRO
No momento da votação, 15 elementos da Assembleia abstiveram-se. Entre eles, o presidente da Junta da Lage, Carlos Pedro, eleito pelo PSD, que defendeu que o Orçamento Municipal “não reflecte o justificado investimento” para a sua freguesia.
Na declaração de voto, Carlos Pedro explicou que a Lage necessita de “infra-estruturas urgentes” e de mais investimento tendo em conta o crescimento demográfico que tem tido, lembrando que os investimentos em água e saneamento, na freguesia, têm sido sobretudo feitos por privados.
SESSÃO RETOMADA ESTA SEXTA-FEIRA
Já depois das 00h30, dado o adiantar da hora e o facto de haver ainda alguns pontos a discutir, Carlos Arantes interrompeu os trabalhos, que serão retomados esta sexta-feira, às 21h00.
A primeira Assembleia Municipal deste novo mandato começou com apelos à paz e à concórdia, vindos da bancada do PS, mas viveu alguns momentos de tensão, que fizeram com que Carlos Arantes tenha ameaçado, por mais do que uma vez, suspender a sessão.
Ricardo Reis Costa (CP 10478)