A Câmara Municipal de Braga vai restaurar a estátua vandalizada do Cónego Melo, pois segundo imposição legal, estará obrigada a repará-la, por encontrar-se num espaço que é camarário e a sua colocação ter sido aprovada pela Assembleia Municipal de Braga na presidência de Mesquita Machado e ratificada pelo executivo presidido por Ricardo Rio.
O monumento, situado numa das mais recentes rotundas de Braga, ao lado do Cemitério de Monte de Arcos, foi pintado com inscrições a vermelho, durante a noite de Natal, em clara alusão ao processo do Padre Max, um sacerdote de esquerda assassinado em 1976.
O cónego Eduardo de Melo Peixoto foi durante muitos anos associado de algum modo a vários crimes políticos cometidos a seguir ao 25 de Abril de 1974, como o assassínio do Padre Max em Vila Real, ligações à ‘Rede Bombista’ de extrema-direita e ao MDLP (Movimento Democrático de Libertação de Portugal) comandado pelo General Spínola.
Mas nunca foi acusado em nenhum desses casos judiciais e muito menos pronunciado para qualquer julgamento, nada existindo que o ligasse a esses casos, nem ao do crime do industrial Joaquim Ferreira Torres e a cuja missa, aliás, presidiu na Igreja das Antas.
Essas insinuações nunca tiveram qualquer comprovação judicial, como afirmou o então deputado municipal socialista José Marcelino Pires, quando já na Assembleia Municipal de Braga justificou a aprovação pelo Partido Socialista, da estátua para o Cónego Melo.
A estátua ao cónego Eduardo de Melo Peixoto, o sacerdote que protagonizou a oposição aos sectores esquerdistas, logo após o 25 de Abril de 1974, tendo sido mesmo conotado com a ‘Rede Bombista’ e o assassínio do Padre Max, continua a causar muita polémica.
O cónego Melo faleceu em 2008, aos 80 anos, em Fátima. Desde então que um grupo de amigos indefectíveis conseguiu levantar uma estátua ao sacerdote bracarense. Só que a resistência foi surgindo de muitos quadrantes, às vezes por parte dos partidos de direita, bem como da própria Arquidiocese de Braga, da qual o cónego Melo foi vigário-geral.
Só que prestes a terminar o seu mandato, o ‘dinossauro’ Mesquita Machado, do Partido Socialista, honrou a promessa de autorizar a estátua antes de deixar a autarquia e foi levantado um monumento, em bronze, com mais de dois metros de altura, da autoria do arquitecto Fernando Jorge, que esteve ligado à Confraria de Nossa Senhora do Sameiro.