O Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural foi atribuído ao escritor, professor, investigador e antigo reitor da Universidade do Minho Vítor Aguiar e Silva, autor de ‘Camões: Labirintos e Fascínios’ e ‘Teoria da Literatura’, anuncia esta quarta-feira a Estoril-Sol, que patrocina o galardão.
O júri, que foi presidido por Guilherme d`Oliveira Martins, escolheu por maioria Aguiar e Silva, antigo vice-reitor da Universidade do Minho, referindo que é um “exemplo de cidadania cultural, que liga a dimensão didático-científica à pedagógica”, segundo a mesma fonte.
Em acta, o júri destacou o “percurso incomum” de Aguiar e Silva, “nos domínios da Teoria Literária, instrumento fundamental na formação de gerações, da Literatura Portuguesa e na fixação e estudo de parte relevante da obra camoniana, num brilhante exercício de intervenção pública, quer pelo seu magistério universitário, quer pelas altas missões no campo da política da Língua e da Educação”.
O Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural, no valor de 40 mil euros, foi instituído pela Estoril-Sol, em parceria com a Editora Babel, tendo sido atribuído pela primeira vez em 2016 ao ensaísta Eduardo Lourenço. No ano passado, o distinguido foi o jornalista e escritor José Carlos Vasconcelos.
Vítor Manuel Aguiar e Silva, de 78 anos, tem-se dedicado à investigação da Literatura Portuguesa dos períodos maneirista (século XVI), barroco (século XVIII) e modernista (primeira metade do século XX), e ao estudo da Teoria da Literatura, “área em que o seu trabalho como professor e investigador tem sido nacional e internacionalmente reconhecido”, realça a Estoril-Sol
O investigador publicou, entre outros livros, ‘Camões: Labirintos e Fascínios’ (1994), que lhe valeu o Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Críticos Literários e o da Associação Portuguesa de Escritores.
Entre as suas obras contam-se ‘A Lira Dourada e a Tuba Canora’, editada em 2008, ‘Jorge de Sena e Camões. Trinta Anos de Amor e Melancolia’, em 2009, e ‘Teoria da Literatura’, obra de referência do autor, publicada originalmente em 1967, primeiro em fascículos, e desde então reeditada regularmente num só corpo, tendo sido profundamente revista e actualizada a partir de 1981.
Além de ter estado na génese do Instituto Camões, Vítor Aguiar e Silva também coordenou a Comissão Nacional de Língua Portuguesa (CNALP), tendo sido ainda membro do Conselho Nacional de Cultura.
O laureado foi um dos signatários da petição ‘Em Defesa da Língua Portuguesa contra o Novo Acordo Ortográfico’, ao lado de Vasco Graça Moura (1942-2014).
A obra ‘A Lira Dourada e a Tuba Canora: Novos Ensaios Camonianos’ valeu-lhe, em 2009, o Prémio D. Diniz da Casa de Mateus, atribuído por um júri do qual fazia parte Vasco Graça Moura.
Vítor Manuel Aguiar e Silva licenciou-se em Filologia Românica, na Universidade de Coimbra, onde se doutorou em Literatura Portuguesa e foi professor catedrático.
Transferiu-se, em 1989, para a Universidade do Minho, onde foi catedrático do Instituto de Letras e Ciências Humanas e onde fundou e dirigiu o Centro de Estudos Humanísticos, assim como a revista Diacrítica.
O júri do prémio, ao qual presidiu Oliveira Martins, foi também constituído pelos autores, professores e investigadores Maria Alzira Seixo, José Manuel Mendes, Manuel Frias Martins, Maria Carlos Gil Loureiro, Liberto Cruz e, ainda, por José Carlos Seabra Pereira, em representação da Babel, e Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, pela Estoril-Sol.
O Prémio Vasco Graça Moura “visa distinguir um escritor, ensaísta, poeta, jornalista, tradutor ou produtor cultural que, ao longo da carreira – ou através de uma intervenção inovadora e de excecional importância -, haja contribuído para dignificar e projetar no espaço público o sector a que pertença”, segundo o regulamento.
FG (CP 1200) com RTP