Passou despercebido mas foi contado em Tribunal pelo inspetor Noronha da PJ do Porto, no julgamento do advogado bracarense Pedro Bourbón, de Emanuel Paulino, o chamado bruxo da Areosa e de outros seis arguidos. A anteceder o assassinato do empresário de Braga, João Paulo Fernandes, os arguidos construíram uma espécie de geringonça, um artefacto metálico de dois metros de altura e envolvido por uma rede também metálica.
A ‘geringonça metálica’ tinha uma espécie de bico, também em ferro ou alumínio, no seu interior. Rodava como sucede com os aparelhos de preparação de cimento. O agente policial não soube explicar, ao certo, para que serviria tal artefacto, dado que nenhum dos arguidos quis explicar a sua proveniência, mas alvitrou, perante o coletivo de juízes, que iria servir – ou terá mesmo servido – para nele ser introduzido o cadáver da vítima, garantindo que os ossos se separavam, completamente, do resto do corpo, isto no caso de o ácido sulfúrico contido num bidon onde foi introduzido o cadáver, não o dissolver por completo.
O inspetor Noronha disse que foram encontrados vestígios de ácido sulfúrico na ‘geringonça’, o que pode indiciar que tenha sido usado para aquele fim macabro.
Conforme o JN noticiou, Pedro Bourbon, os irmãos, Adolfo e Manuel, e o Bruxo da Areosa, foram condenados a 25 anos de cadeia pelo sequestro e homicídio do empresário João Paulo Fernandes. Para além destes, também os arguidos Rafael Silva e Hélder Moreira, foram condenados à pena máxima.
O tribunal condenou ainda os arguidos ao pagamento de uma indemnização à filha da vítima de meio milhão de euros. Os restantes dois arguidos, Nuno Lourenço e Filipe Leitão, com envolvimento menos gravoso no caso, foram condenados a penas suspensas: de um ano e dez meses, num caso, e de cinco anos, noutro.
Na leitura do acórdão, os juízes deram como provado que Pedro Bourbon e Emanuel Paulino, conhecido como o Bruxo da Areosa, planearam a morte do empresário em Dezembro de 2015 e que vigiaram a vítima para colocar em prática o homicídio.
Segundo o tribunal, o sequestro, ocorrido a 11 de Março de 2016 e testemunhado pela filha de oito anos da vítima, foi executado por Emanuel Paulino e por Rafael Silva. Os irmãos de Pedro Bourbon, Adolfo e Manuel Bourbon, acompanharam o rapto numa segunda viatura.
“Abordaram o empresário por volta das 20h30” daquele dia, “meteram-no no interior de um dos veículos automóveis e levaram-no para um armazém em Valongo, onde o mataram por estrangulamento, acabando por dissolver o cadáver em 500 litros de ácido sulfúrico, já noutro armazém, sito em Baguim do Monte”, realçou o Ministério Público na acusação.
Luís Moreira (CP 8078)