Num relatório divulgado esta quarta-feira, a Amnistia Internacional não hesita em acusar a Europa de estar a provocar o aumento do número de mortos no Mar Mediterrâneo.
Há menos pessoas a fazerem-se ao mar rumo à Europa, mas o número de mortes aumentou: mais de 700 só em Junho e Julho passados.
Não é por acaso. Aquela organização de direitos humanos explica que há um efeito combinado de políticas europeias que estão a tentar fechar a rota do Mediterrâneo Central. O resultado é que há mais pessoas a morrer afogadas ou de volta aos tenebrosos centros de detenção líbios.
O relatório acusa a União Europeia de conspirar para conter os migrantes do lado de lá do Mediterrâneo. São os governos europeus que financiam, treinam e equipa a Guarda Costeira Líbia. E parecem estar a ser bem-sucedidos. Em Março, havia 4.400 migrantes nos centros de detenção líbios; em Julho eram já 10 mil.
Um dos exemplos é de meados do mês de Junho quando uma das ONG deu com uma embarcação a afundar-se com dois cadáveres e uma mulher ainda viva, depois da intervenção da Guarda Costeira da Líbia.
Do outro lado, diz o relatório, está o novo governo italiano, que passou a complicar ou a recusar o desembarque de navios com pessoas resgatadas das águas. O governo de Malta está a ir pelo mesmo caminho e as organizações não-governamentais que recolhem quase metade dos náufragos do Mediterrâneo estão ser demonizadas e perseguidas criminalmente.
O resumo deste cenário está no título do relatório: ‘Entre a espada e o profundo mar azul’. Os migrantes precisam de acolhimento na Europa, mas antes precisam de rotas seguras para chegarem vivos.
Fonte: TSF