Uma investigação do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) desenvolveu uma “estrutura orgânica covalente” (COF – Covalent Organic Framework) capaz de “capturar poluentes farmacêuticos da água” residuais, impedindo que sejam reintroduzidas na cadeia alimentar, anunciou esta quarta-feira aquela instituição.
Em comunicado enviado à Lusa, o INL explica que a investigação, que integra além daquela instituição portuguesa sediada em Braga a CRSTRA da Argélia, LMU da Alemanha, e GalChimia de Espanha, mostrou “pela primeira” vez que aquele tipo de estrutura, uma espécie de absorvente, pode ser utilizada para limpar a água de dois fármacos comuns e amplamente utilizados – ibuprofeno e diclofenac – que “foram absorvidos com elevada eficiência e recuperados por uma simples troca de solvente”.
“Ao contrário de muitos outros absorventes, tais como o carvão activado, a COF agora desenvolvida pode ser reciclada e reutilizada”, salienta o texto.
A estrutura do novo absorvente, descreve o texto, assemelha-se à de um favo de mel. “No entanto, os seus orifícios têm apenas um nanómetro de diâmetro (um milhão de vezes mais pequeno que um milímetro). A estrutura e as propriedades particulares destas COFs permitem a captura eficiente dos poluentes farmacêuticos citados presentes na água, algo que ainda é um desafio para os sistemas de filtragem actualmente disponíveis”, lê-se.
Com esses sistemas, refere o INL, “as subdoses de moléculas farmacêuticas, tais como o ibuprofeno e o diclofenac (anti-inflamatórios não-esteroides) lançadas nas águas residuais, acabam por ser reintroduzidas na cadeia alimentar após o tratamento, com o potencial de causar efeitos indesejados, tais como a resistência a medicamentos”.
O INL adianta ainda que a investigação vai agora concentrar-se no desenvolvimento de novas estruturas “para capturar pesticidas e outros contaminantes farmacêuticos, como o diazepam (…) que é um dos contaminantes da água mais resilientes que se conhece”.