Na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que se realizou, esta terça-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que o “mundo está cada vez mais caótico” e que “sofre de uma forma grave de ‘Perturbação de défice de confiança’”.
O secretário-geral da ONU aponta como causas deste fenómeno o crescimento da polarização e do populismo, a pouca confiança nas instituições internacionais e a diminuição da cooperação entre os vários países.
“Os princípios democráticos estão sob ameaça”, denunciou.
“Actualmente, a ordem mundial é cada vez mais caótica, as relações de poder são menos claras, os valores universais estão a ser erodidos”, pois “quanto mais o mundo está conectado, mais as sociedades estão fragmentadas”, disse Guterres.
Para o secretário-geral da ONU, tudo isto faz com que a sociedade se torne “multipolar”, não sendo garantida a “paz” ou uma “solução global para os problemas”, uma vez que “as alterações nos equilíbrios de poder” fazem com que “os riscos de confrontação” aumentem. “Devemos renovar os nossos compromissos para com uma ordem assente em regras, com as Nações Unidas no centro”, defende o secretário-geral português.
Guterres falou ainda de conflitos específicos, como os do Iémen e da Síria: “A nossa incapacidade para acabar com a guerra na Síria, no Iémen e noutros locais é um escândalo”.
Acrescentando que “o povo ‘rohingya’ está exilado” e “os palestinianos e os israelitas permanecem num conflito sem fim, com uma solução de dois Estados que se afasta”
CLIMA
Para além disto, abordou a questão das alterações climáticas, afirmando que o mundo ultrapassa um “momento decisivo” no combate a este tipo de adversidade, defendendo que os líderes mundiais não estão a agir como necessário, de forma a combater “uma ameaça direta à existência”.
Finalmente, o secretário-geral da ONU deixou uma mensagem face ao desenvolvimento tecnológico, afirmando que trouxeram consigo “desafios históricos”, não deixando de apontar os “riscos graves” que estes trouxeram.
“A perspectiva de máquinas com a capacidade e o poder de eliminar vida humana é moralmente repugnante”, disse Guterres.