O Tribunal de Braga condenou esta terça-feira a dois anos de prisão, com pena suspensa, um médico de Barcelos que recebeu 2.500 euros de doente para influenciar um concurso público e arranjar emprego para a sua filha enfermeira. Para a suspensão da pena, o arguido terá de dar 3.000 euros à Amnistia Internacional.
Afonso Martins Inácio, ex-diretor do Centro de Saúde local, foi condenado pelo crime de tráfico de influência. No final, o advogado de defesa, André Carneiro, disse aos jornalistas que vai “ponderar” um eventual recurso do acórdão.
No julgamento, o médico de Barcelos confessou que prometeu, em 2015, influenciar, a troco de 5.000 euros, um concurso público e assim arranjar emprego para uma enfermeira, filha de um paciente seu.
Declarou que apenas recebeu 2.500 euros, garantindo que não veio a fazer qualquer diligência para influenciar o concurso em benefício da enfermeira.
A confissão do arguido levou o Tribunal a dispensar as testemunhas, tendo avançado para as alegações finais, nas quais o Ministério Público (MP) pediu a sua condenação pelo crime de tráfico de influência.
Ao coletivo de juízes, o médico explicou que os cinco mil seriam pagos em duas prestações: a primeira ‘à cabeça’, para “mexer os cordelinhos”, e a segunda após a colocação da enfermeira no serviço público.
Relatou que foi o pai da enfermeira quem o abordou e que estava a precisar de dinheiro, mas sabia que não podia fazer nada para influenciar: “Se corresse bem e ela ficasse colocada, eu ficava com o dinheiro, como não foi, aceitei devolvê-lo”.
Afonso Inácio terá prometido que a enfermeira estaria a trabalhar, o mais tardar, até 15 de janeiro de 2016, o que não sucedeu.
Só que, quando ia devolver os 2.500 euros ao pai, a PJ deteve ambos, por suspeita de corrupção. No inquérito, o pai da enfermeira beneficiou do estatuto de “suspensão provisória do processo”, sendo-lhe imposto que fizesse 100 horas de trabalho a favor da comunidade.
Luís Moreira (CP 8078)