A necessidade de um plano de arborização para a cidade de Braga foi uma das principais conclusões do debate ‘A árvore na cidade’, promovido pelo Bloco de Esquerda (BE) e que reuniu especialistas nesta área.
A discussão em torno da importância da árvore, em meio urbano, juntou especialistas que reflectiram sobre “a situação actual da cidade de Braga, na qual o abate de árvores, sem justificação à população, bem como a mutilação das árvores”, mais conhecidas como ‘podas severas’ ou ‘podas camarárias’ têm vindo a deixar “os munícipes preocupados, sobretudo no Verão, com a possibilidade forte e evitável da formação da chamada ‘ilha de calor’ no centro da cidade”.
Segundo Manuel Sousa, é cada vez mais é reconhecida a importância das árvores em meio urbano e o seu papel na qualidade do ar, nos índices de humidade, no arrefecimento do ar, na saúde pública (por que limpam as partículas em suspensão no ar e o pólen da vegetação gramínea), no conforto visual, psicológico e térmico (especialmente as de folha caduca que deixam passar os raios solares no inverno e proporcionam sombra no Verão), na dissipação do vento e na diminuição do ruído.
O mote do debate, refere o BE em Nota à imprensa, “foi dado pela informação de que serão abatidas centenas de árvores em Braga, especialmente em S. Vítor, a maior freguesia da cidade e aquela que tem o menor índice de estrutura verde por habitante”.
Segundo Catarina Afonso, bióloga e eleita na Assembleia de Freguesia, pelo Bloco, “há uma intencionalidade em não haver recolha nem acesso a dados sobre a qualidade do ar”, criticando “o processo de identificação das árvores para abate na medida em que não são públicos os critérios de avaliação e de selecção”.
Raul Rodrigues, agrónomo, docente universitário e com experiência autárquica, as designadas ‘podas severas’, ou como ele designa, “as mutilações das árvores, devem ser a excepção e não a regra”.
“Há efectivamente árvores que têm de ser abatidas, por terem sido mal plantadas e as podas que mutilam as árvores danificam-nas de morte”, acrescentou o investigador, defendendo a necessidade de uma “regulamentação firme na transferência de competências para as juntas de freguesia e até de legislação neste âmbito”.
Por esta razão, sublinhou, a cidade “carece urgentemente de plano sério de arborização que vise travar todas os erros antigos e identificados e dote o município de um instrumento de referência que vise melhorar a qualidade de vida e do ar dos habitantes da cidade. Braga tem, reconhecidamente, poucas árvores e o seu porte é pequeno, por isso, o plano é urgente”, sendo que, por sugestão de Manuel Sousa, as margens do Rio Este deveriam ser o “corredor verde” da cidade.