A Comissão Europeia afirmou esta quarta-feira apoiar “na totalidade” a recusa dos governos da Dinamarca e da Gronelândia na venda desta região autónoma aos Estados Unidos.
“A Comissão defende na totalidade e apoia a posição que foi expressa, tanto pela primeira-ministra da Dinamarca, como pelo governo da Gronelândia”, afirmou a porta-voz do executivo comunitário Natasha Bertaud, na conferência de imprensa diária daquela instituição, em Bruxelas, quando questionada sobre as notícias conhecidas esta quarta-feira.
A posição de Bruxelas surge após o Presidente norte-americano, Donald Trump, cancelar uma viagem a Copenhaga prevista para Setembro depois de o Governo dinamarquês ter dito não estar disponível para debater uma possível venda da Gronelândia aos Estados Unidos.
Um porta-voz da Casa Branca disse à agência de notícias France Presse que a visita do Presidente dos Estados Unidos à Dinamarca prevista para 2 e 3 de Setembro “foi cancelada nesta fase”.
A Casa Real dinamarquesa expressou “surpresa” num comentário escrito enviado à televisão pública, enquanto a classe política do país também se manifestou “estupefacta”, em publicações feitas nas redes sociais.
Donald Trump afirmara que “a Dinamarca é um país muito especial, com pessoas incríveis”. Porém, “com os comentários da primeira-ministra [Dinamarca], Mette Frederiksen, de que não teria interesse em discutir a compra da Gronelândia, vou adiar a nossa reunião programada para daqui a duas semanas para outro momento”, informou o Presidente norte-americano.
No final da semana passada, a imprensa americana revelou que Donald Trump havia indagado sobre a possibilidade de os Estados Unidos comprarem a Groenlândia, um enorme território autónomo ligado à Dinamarca com cerca de 56 mil habitantes. A Casa Branca confirmou a informação dias depois.
A ideia fez inicialmente algumas pessoas rir, mas mostrou, mais uma vez, a capacidade do 45.º Presidente americano de quebrar os códigos da diplomacia tradicional.
A Gronelândia tem desde o referendo de 1979 estatuto de autonomia, com competências próprias excepto nas áreas de defesa, política externa e emissão de moeda, entre outras áreas, incluindo a impossibilidade de pedir o direito à autodeterminação.
Durante a ocupação da Dinamarca pela Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) os Estados Unidos tomaram posições na Gronelândia e após o final do conflito instalaram uma base área militar estrategicamente importante durante a Guerra Fria e que continua activa.
No passado, os Estados Unidos tentaram várias vezes comprar a maior ilha do mundo, a última vez foi em 1946 através de uma iniciativa do Presidente Truman.