A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) lançou um comunicado, esta quarta-feira, onde recomendou aos médicos que comuniquem às autoridades de saúde casos de doentes com sintomas respiratórios agudos, que estes suspeitem estarem ligados ao consumo de cigarros electrónicos.
Esta recomendação surgiu depois do número crescente de casos de doença respiratória grave, de causa desconhecida, mas associada ao uso dos cigarros eletrónicos, nos Estados Unidos. 450 casos foram diagnosticados e cinco mortes foram confirmadas, nos últimos dois meses. Apesar de o diagnóstico afirmar causa desconhecida, todos os utentes apresentam um sintoma em comum: o uso de produtos relacionados com cigarros electrónicos (dispositivos, líquidos, cápsulas de enchimento e cartuchos).
“Até ao momento não se conhecem casos semelhantes fora dos EUA, no entanto, dada a grande disseminação destes produtos e fácil acessibilidade, é provável que surjam noutros países, incluindo Portugal”, adverte a SPP em comunicado.
No comunicado enviado às redacções, a SPP diz que existem alguns sintomas comuns como: tosse seca, falta de ar, opressão torácica, náuseas, vómitos, diarreia, febre, perda de peso e fadiga.
Apesar de a investigação estar em curso, o grupo decidiu então emitir cinco recomendações para tentar impedir a disseminação destes casos no país. Primeiramente, a SPP sublinha ainda que a utilização dos cigarros electrónicos “é perigosa e não é recomendada” e deve ser evitada por grupos etários mais frágeis como crianças, adolescentes, adultos jovens, grávidas, idosos e doentes respiratórios crónicos.
Recomendam ainda aos consumidores de cigarros electrónicos, que apresentem qualquer tipo de sintoma respiratório agudo, a procurarem um médico e a informá-lo sobre os seus sintomas e sobre o produto que consomem e aconselham também os especialistas médicos que recebam utentes com um quadro clínico semelhante aos casos norte-americanos a comunicá-los às autoridades de saúde, em caso de suspeita.
Na mesma nota, pode-se ler que a utilização de dispositivos adquiridos “fora do comércio regulado”, “a sua utilização modificada”, ou “a adição de líquidos ou óleos contendo derivados da canábis ou outros aditivos” também é considerada perigosa por parte da Sociedade, que afirma que estes devem ser evitados. Em cerca de 80% dos casos os doentes consumiram produtos com nicotina e derivados da canábis, como o tetrahidrocanabiol (THC) ou o canabidiol (CBD).