Armando Osório alertou esta sexta-feira para o estado de degradação em que se encontra o Centro de Acolhimento Temporário (CAT) que a Cruz Vermelha de Braga possui em Braga, e que se arrisca a ser encerrado pela Protecção Civil.
O presidente da Cruz Vermelha de Braga, que falava na conferência de imprensa de apresentação da campanha ‘Uma Casa para as Pessoas Sem-Abrigo’ que arranca este sábado no centro da cidade, reclama da Segurança Social apoios “urgentes” para a realização de obras no edifício – construído há mais de duas décadas -, como é aconselhado por um parecer técnico. A última intervenção no CAT tem mais de 8 anos, tendo, entretanto, sido somente “maquilhado” por funcionários da empresa Primavera que pintaram o equipamento.
Armando Osório teme mesmo que a Protecção Civil obrigue ao seu encerramento por falta de condições para acolher os 47 utentes, na sua maioria alcoólicos e toxicodependentes, que lotam o equipamento.
“E depois o que faremos às pessoas que lá estão?”, pergunta.
A degradação, explica Osório, deve-se à “utilização intensiva” do edifício, que além do acolhimento temporário, acolhe um balneário público e uma cantina social diariamente frequentada por 60 pessoas. O estado de degradação tem sido acelerado, reconhece, pelos utentes “que não são propriamente pessoas de ‘catequese’”, sobretudo quando estão “descompensados”.
Renegociar o protocolo assinado nos anos 90 com a Segurança Social para fazer face ao défice de 40 mil euros anuais do funcionamento das valências do centro de acolhimento, “é outra questão que tem que ser feita”.
“O Estado tem a obrigação de assumir os custos reais destes equipamentos e dos apoios sociais que são da sua responsabilidade”, sublinha Osório.
“DOENÇA SOCIAL”
A campanha ‘Uma Casa para as Pessoas os Sem-Abrigo’, que tem no Grupo Casais o principal ‘sponser’, foi pensada precisamente com a intenção principal a angariação de fundos para tapar o défice de 40 mil euros recorrentes do funcionamento do CAT.
Assim, a partir deste sábado e até dia 27, a Cruz Vermelha põe nas ruas dos Chãos e Capelistas esta “acção de marketing de guerrilha”, apelando à compra de uma casa em miniatura no valor de 2 euros para apoiar a CVP na área de apoio a sem-abrigo.
Segundo a instituição, em Braga está sinalizadas 28 pessoas sem-abrigo, e 15 aguardam uma vaga no CAT. Anualmente, são apoiadas 180 pessoas, quer com alojamento, quer com alimentação e higiene pessoal.
A campanha, que pretende deixar aos transeuntes “uma proposta de reflexão sobre a problemática e potenciar a relevância da campanha para a comunidade”, consiste na exposição de 180 metros de cartões de papelão com imagens de pessoas em situação de sem-abrigo e mensagens originais escritas por pessoas em situação de sem-abrigo, uma das quais, através de depoimento gravado em vídeo mostrado aos jornalistas definiu a condição dos sem-abrigo “uma doença social”.
Fernando Gualtieri (CP 1200)