Os votos dos emigrantes portugueses permitiram, esta quinta-feira, a eleição de dois deputados do Partido Socialista (PS) e dois deputados do Partido Social Democrata (PSD).
Pelo PS, que recebeu 26,24% dos votos, foram eleitos Augusto Santos Silva (que deve ser substituído por Paulo Porto Fernandes, quando Santos Silva assumir o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros), pelo círculo eleitoral de fora da Europa, e Paulo Pisco, pelo círculo eleitoral europeu.
Já pelo PSD, que contou com 23,42% da votação, foram eleitos José Cesário, pelo círculo eleitoral de fora da Europa, e Carlos Gonçalves, pelo círculo europeu.
Esta é a primeira vez em 20 anos que o PS elege um deputado fora do círculo eleitoral da Europa.
Para Paulo Pisco, deputado do PS que foi reeleito, trata-se de um “resultado histórico”: “É uma grande vitória. Há 20 anos que o Partido Socialista não tinha uma evolução nos resultados dos círculos da emigração (…). Revela bem que a aposta [em Augusto Santos Silva] foi ganha”.
No entanto, se olharmos apenas para os votos dos emigrantes que vivem fora da Europa, houve uma vitória clara do PSD (que teve mais de 6 mil votos de vantagem em relação ao PS – 33,39% contra 20,19%).
Apesar de ter elegido menos um deputado do que nas últimas eleições, José Cesário, deputado do PSD, defendeu que o partido teve “uma vitória muito claro” no círculo eleitoral de fora da Europa.
“A lista do Partido Socialista, liderada pelo número dois do Governo, teve pouco mais de metade dos votos da lista do PSD. Portanto, foi uma vitória categórica”, declarou.
PAN EM 3.º
Quanto aos restantes partidos, na votação geral no estrangeiro, o Pessoas-Animais-Natureza (PAN) ficou com 4,84% dos votos; o Bloco de Esquerda (BE) com 4,75%; o CDS – Partido Popular (CDS-PP) com 3,36% e a Coligação Democrática Unitária (CDU/PCP-PEV) com 2,04%.
Em relação aos pequenos partidos, foi o Partido Democrático Republicano (PDR) quem recebeu mais votos, com 1,61%. A Iniciativa Liberal (IL) teve 1,35%; o PNR (Partido Nacional Renovador) ficou com 1,17%; o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP-MRPP) com 0,97%; o Livre com 0,96%; o Chega com 0,87%; o Partido da Terra (MPT) com 0,84%; o Aliança com 0,74%; o Nós, Cidadãos com 0,74%; o Partido Unido dos Reformados e Pensionistas (PURP) com 0,67%; o Partido Trabalhista Português (PTP) com 0,51%; o Reagir – Incluir – Reciclar (RIR) com 0,46%; o Juntos pelo Povo (JPP) com 0,38%; o Partido Popular Monárquico (PPM) com 0,35% e o Movimento Alternativa Socialista (MAS) com 0,11%.
Mas o destaque vai mesmo para a elevada percentagem de votos considerados nulos (22,33%). Dos 158.252 votos recebidos de portugueses que residem no estrangeiro, 35.331 não foram considerados válidos – a maioria dos quais, devido à falta do documento de identificação do eleitor.
“Há um número elevado de cartas-resposta que foram remetidos com boletim sem identificação – sem a necessária cópia do cartão de cidadão ou bilhete de identidade -, portanto, isso acabou por não permitir ter as condições legais para que esses envelopes fossem considerados”, explicou à TSF o secretário-geral adjunto da Administração Eleitoral, Joaquim Morgado.
A contagem dos dos votos decorreu no pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa. Durante toda a noite, os escrutinadores estiveram a registar e contabilizar a votação dos portugueses que vivem no estrangeiro. Um processo muito demorado que, de acordo com Joaquim Morgado, se deveu ao elevado número de votos registados. O secretário-geral adjunto da Administração Eleitoral fala num “volume anormal de boletins de voto” recebidos durante os últimos dias. “Só hoje chegaram-nos 5.800 cartas-resposta”, adiantou.
Segundo Joaquim Morgado, uma das mesas de voto onde a contagem dos votos mais demorou foi a de Macau, que teve uma afluência desmedida de chegadas de votos de última hora, que não deram descanso a quem esteve a registá-los.
“Foi uma sobrecarga [para os escrutinadores] e tiveram um desempenho brilhante; estiveram até esta hora a terminar esse processo”.
Redacção com TSF