Um paciente britânico, cujo nome não foi revelado, deu origem a um estudo de caso publicado no British Medical Journal que é discutido no congresso norte-americano de gastroenterologia no final de Outubro. O homem chegou a ser detido por condução sob efeito do álcool, mas o seu problema era outro: síndrome de fermentação intestinal.
O homem sofria de sintomas típicos da embriaguez: mente turva, irritação, tristeza e falhas de memória. Chegou a ser preso por supostamente conduzir sob o efeito de álcool, embora não tivesse tocado numa única gota de bebidas alcóolicas.
O indivíduo foi tratado com depressivos e chegou a fazer psicoterapia, mas só três anos depois soube realmente do que padecia, escreve a BBC que noticia o caso. O seu quadro clínico coincidia com a “síndrome de fermentação intestinal” ou auto-brewery syndrome (ABS, na sigla em inglês).
Este problema de saúde – que é descrito no estudo como sendo subdiagnosticado – caracteriza-se pelo facto da digestão de hidratos de carbono – presentes em alimentos como a massa, o arroz, o pão ou até mesmo a batata – produzir álcool de forma endógena nos intestinos.
“É um síndrome muito mais comum do que parece. Nos últimos dois anos, recebi entre 500 e 600 telefonemas de pessoas que diziam sofrer desta doença e actualmente mantenho contacto com cerca de 200 que foram, de facto, diagnosticados”, confirmou à BBC a médica Barbara Cordell, investigadora-chefe da Universidade de Panola, no Texas.
No caso do paciente em causa, os médicos determinaram que a exposição a antibióticos terá provocado um crescimento anormal dos fungos Candida e S. cerevisiae no seu intestino. Este último fungo, em particular, é conhecido como o elemento que fermenta hidratos de carbono para a produção de alguns tipos de cerveja.
O diagnóstico acabou por acontecer em 2017 no University Medical Center de Richmond, em Nova Iorque, depois de vários episódios em que se sentiu ‘bêbedo’ sem ingerir álcool.
O tratamento consistiu na aplicação de antifúngicos e uma suspensão parcial da ingestão de hidratos de carbono. “Cerca de um ano e meio depois, o paciente está na fase assintomática e retomou o seu estilo de vida anterior, incluindo uma dieta normal, enquanto continua a verificar esporadicamente o seu nível de álcool” no sangue, afirma o relatório.
Redacção com Sapo 24