Pimenta Machado afirmou que a “grande aposta” na resolução dos problemas associados às alterações climáticas tem de assentar na “prevenção, evitando erros do passado, na protecção e no recuo planeado da ocupação costeira”.
O vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que falava este sábado em Esposende na sessão de encerramento do seminário ‘Alterações Climáticas e Recursos Hídricos’, elogiou o trabalho desenvolvido pela autarquia local, dando como exemplo o “recuo planeado” efectuado na freguesia de S. Bartolomeu do Mar “em clima de tranquilidade social”.
Esposende está, concluiu o n.º 2 da APA, na “linha da frente” na resolução dos problemas associados às alterações climáticas.
O encontro contou ainda com as presenças dos presidentes das câmaras de Esposende, Benjamim Pereira, de Viana do Castelo, José Maria Costa e de Caminha, Miguel Alves
O presidente da Câmara de Esposende destacou os “bons resultados” da gestão da Polis Litoral Norte e apontou, por sua vez, as “virtualidades já demonstradas”, do canal interceptor em construção.
“Apesar de ainda não estar terminado, o canal interceptor já produziu efeito no passado fim-de-semana, essencialmente pela quantidade de água que ficou retida na zona de escavação e não entrou nas linhas de água existente”, afirmou Benjamim Pereira.
“Houve inundações em vários locais do país, particularmente nesta região do Minho e, em Esposende, não tenho dúvidas, esta obra estruturante de redireccionamento da água em excesso já fez o seu papel”, sublinhou.
Já o autarca de Caminha apontou a necessidade de “informar as pessoas sobre os riscos que correm com as alterações climáticas, das implicações económicas que daí resultam”.
Por seu turno, José Maria Costa defendeu que o debate sobre as alterações climáticas “seja feita dentro da comunidade política”, apontando a perda de conhecimento decorrente da extinção de instituições, como a Polis Litoral Norte”.
A encerrar o debate, e na mesma linha de pensamento, Benjamim Pereira defendeu a “continuidade do trabalho em rede, envolvendo os três municípios. Foram realizadas obras importantíssimas para as comunidades piscatórias de Caminha, Viana do Castelo e Esposende”, referiu o autarca de Esposende.
Os três autarcas foram unânimes em defender o “sistema virtuoso” de funcionamento da Polis Litoral Norte, desafiando a tutela a continuar com o modelo similar àquele que vem sendo adotado desde 2009 e que prima pela “proximidade entre administração central e administração local, na análise e solução dos problemas”.
“REAGIR RÁPIDO”
Na abertura do seminário, a vice-presidente da Câmara Municipal de Esposende, Alexandra Roeger lembrou a “vulnerabilidade do território de Esposende”, mas recordou o consenso “científico-político” existente, na prossecução dos programas de defesa da natureza.
Luís Macedo, secretário executivo da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Cávado, reconhece que Esposende “está a desenvolver um trabalho pioneiro na resolução de um problema que obriga a ser pensado. Normalmente somos lentos a reagir, mas Esposende reagiu rápido”.
Filipe Duarte Santos, especialista em alterações climáticas, alertou para os perigos que nos aguardam com a prossecução das políticas que privilegiam a utilização dos combustíveis fósseis e defende que “a reutilização da água é o futuro”.
Inês Andrade, directora regional da ARH-Norte elencou os investimentos feitos na área de intervenção para ultrapassar fragilidades na gestão do território. “Estão em curso obras no valor de 3 milhões de euros. Em 2020 arrancarão obras no valor de 5 milhões de euros, para além das obras já realizadas, no valor de 41 milhões de euros, entre 2014 e 2019”, disse Inês Andrade.
Este seminário inseriu-se no âmbito do projecto do município de Esposende ‘E-Ribeiras: comunicar, divulgar e sensibilizar para as alterações climáticas’, financiado pelo POSEUR, através da medida Apoio ao Investimento para a Adaptação às Alterações Climáticas, e cuja implementação está a ser acompanhada/coordenada pela Esposende Ambiente, no quadro dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas.