Deputados alemães pediram, esta segunda-feira, ao Governo para implementar o mais rapidamente possível um plano para controlar a violência de extrema-direita e discursos de ódio na Internet, depois de terem recebido ameaças de morte.
Vários parlamentares, sobretudo ecologistas, receberam nos últimos dias ameaças de morte do movimento neonazi, muitas das quais através de e-mails assinados por um pequeno grupo chamado Divisão das Armas Nucleares e classificado nos Estados Unidos como “perigoso”.
As ameaças estão a ser investigadas pelo Departamento Federal de Polícia Criminal e o Governo alemão decidiu tomar medidas que visam principalmente a venda de armas e os discursos de ódio na Internet.
O deputado ecologista de origem turca Cem Özdemir recebeu, em 27 de Outubro, um e-mail assinado pela Divisão das Armas Nucleares no qual era avisado que estava na “lista” de pessoas a serem executadas.
A repetição das ameaças, na sequência de críticas ao regime do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, levou o deputado Cem Özdemir a passar a ter protecção policial.
Uma outra ecologista, Claudia Roth, vice-presidente do Bundestag, o parlamento alemão, também recebeu, no mesmo dia, um e-mail semelhante.
“As autoridades estão a vigiar de perto as actividades dessa ‘divisão de armas nucleares'”, assegurou um porta-voz do Ministério da Administração Interna da Alemanha, em conferência de imprensa. Segundo acrescentou, este pequeno grupo está activo na Alemanha desde 2018.
Nas últimas semanas, outras personalidades políticas, como Mike Mohring, líder da bancada dos conservadores da CDU em Thuringe, receberam ameaças de morte, numa altura em que o clima político na Alemanha apresenta, segundo o ministro da Administração Interna, Horst Seehofer, uma “exacerbação problemática da violência na sociedade”.
Estas ameaças ocorrem menos de seis meses após o homicídio, em Hesse, de um representante local da CDU, defensor dos migrantes, Walter Lübcke, cujo principal suspeito, já detido, é membro do movimento neonazi.
Anteriormente, outros deputados foram agredidos por pessoas próximas da extrema-direita, contestando a sua política considerada “pró-migrantes”: em 2015, a presidente da câmara municipal de Colónia, Henriette Requer, e dois anos depois, a autarca de Altena, Andreas Hollstein, foram atacadas com facas, tendo ficado em estado muito grave.
O governo alemão anunciou na semana passada novas medidas para combater a violência de extrema-direita, nomeadamente um maior controlo da venda de armas e do discurso de ódio na internet, face à “ameaça muito elevada” que ela representa.
A Alemanha, que em 2017 adoptou uma das leis mais restritivas da Europa para combater as campanhas de difamação ‘online’, quer agora ir mais longe e obrigar as plataformas internet a comunicar à polícia ameaças de morte e conteúdos de incitamento ao ódio, assim como os endereços IP associados, que identificam o dispositivo que gerou esses conteúdos.
A polícia passa também a poder exigir às plataformas dados sobre os seus utilizadores.
Redacção com TSF