A secretária de Estado para a Integração pretende replicar a outros estabelecimentos de ensino o programa ‘Rise’, aplicado numa escola de Prado, Vila Verde, e que resultou numa taxa de zero de abandono na comunidade cigana.
Cláudia Pereira, que esta terça-feira participou na apresentação do programa ‘RISE – Roma Inclusive School Experiences’, na Universidade do Minho (UMinho), em Braga, assegurou que o Governo está a desenvolver uma “estratégia integradora” quer de portugueses ciganos, quer migrantes ou refugiados através de “várias dinâmicas”.
Questionada sobre a aplicação do programa de Vila Verde, com carimbo da UMinho, a outras escolas, a governando afirmou que “basta ver este indicador de 0% de abandono escolar e daí termos escolhido este momento para a nossa aparição pública por queremos validar e aplicar noutras escolas”.
Segundo Cláudia Pereira, o projecto está já a dar um importante contributo através de práticas que aproximação de crianças, famílias e escola.
A secretária de Estado para a Integração e Migrações salientou que o objectivo é a “integração de todos os portugueses, ciganos, migrantes refugiados e reforçar o papel nessa melhor integração”.
Entre as medidas previstas pelo actual executivo estão a “capacitação de professores no ensino, reforçar as bolsas de educação em articulação com as que existem para que [os alunos] possam completar o ensino superior, o programa Escolhas, do Alto Comissariado para as Migrações”.
O projecto ‘Rise’ diminuiu o absentismo e insucesso escolar de alunos ciganos com base na articulação entre famílias e escola, interculturalidade e diálogo, formação de professores e articulação curricular.
Com base neste projecto, que teve início em 2018 e com data prevista para terminar em Março de 2020, pretende-se que seja feito um ‘booklet’ de boas práticas para serem seguidas noutras escolas frequentadas por crianças ciganas e de outras minorias socioeconómicas.
O ‘Rise’ foi aplicado no pré-escolar, primeiro e segundo ciclos.
“Mais do que resultados quantitativos deste tipo de projectos é preciso retirar resultados qualificativos. Se por um lado é possível quantificar um menor abandono escolar e taxas de insucesso a diminuir, por outro é preciso salientar esses resultados foram conseguidos pela inversão do paradigma ensino/ aprendizagem para aprendizagem/ensino, colocando o aluno como o centro das atenções na sala de aula”, explicou a docente da UMinho e também membro do Observatório das Comunidades Ciganas, Maria José Casa-Nova.
Para aquela “inversão”, os professores incluídos no projecto usaram “dispositivos pedagógicos” para levar os alunos a aprender as matérias escolares através do uso de mecanismos que fizeram deles os protagonistas das aulas.
Dos cerca de 3 mil jovens ciganos, entre os 15 e os 18 anos, que deveriam frequentar o ensino secundário nacional apenas 10% o fazem, o que equivale a aproximadamente 256 jovens. As taxas de retenção rondam os 63% neste ciclo escolar e o abandono escolar das crianças de etnia cigana é mais frequente entre raparigas.
O ‘Rise’ está também a ser aplicado em Itália e na Eslovénia, sendo financiado pelo programa Direitos, Igualdade e Cidadania da Comissão Europeia.
Redacção