A Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, acolhe dia 21 de Novembro, às 21h30, uma sessão de História Local dedicada ao tema ‘O Miguelismo em Braga’. O convidado é o professor Armando Malheiro da Silva, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Integrada no programa ‘À Descoberta de Braga’, a sessão conta com uma breve animação musical pelo Grupo de Música Popular CABçudos.
Braga foi um dos palcos inevitáveis da guerra civil que agitou o nosso país entre 1828 e 1834. Devido ao seu inevitável vínculo à Igreja e a uma linha mais conservadora, os bracarenses colocaram-se ao lado de D. Miguel, o Rei que escolheu Braga para sua “corte” entre 1 de Movembro de 1832 a 1 de Junho de 1833, tendo ficado instalado no Palácio Arquiepiscopal. São inúmeros os dados comprovativos da miguelofilia de Braga e seu termo, entendida como receptividade plena ao discurso irracional e simbólico (mito radicado na carismática personalidade do Infante-Rei).
A estada de D. Miguel em Braga, ao entusiástico apoio que a cidade e a região circundante lhe prestou, perpetuando-o muito para além de 1834. Na luta renhida com as forças liberais, os contra-revolucionários portugueses empregaram um complexo dispositivo de propaganda, formalmente moderno, baseado num duplo efeito: defender, através de um discurso ideológico muito dogmatizado, a vetusta ordem teocrática consubstanciada na “santa aliança” do Trono com o Altar e, em simultâneo, estimular irracionalmente, graças ao forte perfil carismático do seu chefe – o Infante D. Miguel (1802-1866) -, o potencial mítico (subentenda-se messiânico) latente no imaginário colectivo.