O centro da cidade de Viana do Castelo viveu, esta quinta-feira à tarde, momentos de muita tensão após a leitura do acordão que condenou apenas um dos dois homens acusados pelo homicídio qualificado de um jovem de 22 anos, em Dezembro de 2018, na Areosa, conta a Rádio Alo Minho.
O colectivo de juízes que em Outubro começou a julgar os dois homens, condenou um deles, de 29 anos, a 14 anos de prisão e absolveu outro, de 34 anos.
No final da leitura do acordão, ainda na sala de audiências, os familiares do jovem de 22 anos morto à facada manifestaram revolta, gritando “palhaçada” e “injustiça”.
Os agentes da PSP presentes no interior do tribunal mobilizaram-se para impedir desacatos que vieram a ocorrer já no exterior do edifício, na principal avenida da cidade, quando o homem condenado entrou na carrinha celular.
Em declaração à radio altominhota, o pai da vítima, Vítor Coimbra, disse que vai recorrer da sentença, decisão que adiantou ter comunicado ao advogado, por considerar que “não foi feita justiça”.
Para o advogado do homem condenado a 14 anos, Jorge da Costa, foi uma pena “excessiva”, adiantando ir “ponderar” um recurso por entender que “não existiu intenção de matar”.
No final da leitura do acórdão, a juíza do tribunal de Viana do Castelo dirigiu-se ao arguido condenado, dizendo que a “justiça não se faz assim”, referindo-se ao crime cometido.
Explicou que a moldura penal do crime de homicídio oscila entre os oito e os 16 anos, mas que neste caso “há circunstâncias que agravaram” a pena aplicada.
“A circunstância de usar o meio que usou. O facto da facada ter sido pelas costas, um meio traiçoeiro de matar. A traição do meio faz a pena passar para uma moldura dos 12 aos 25. É um mundo de tempo”, reforçou, destacando que “a conduta posterior” do arguido, que “deixou a faca no corpo da vítima”, também foi tomada em consideração.
Para a juíza a pena aplicada foi “um sinal para o exterior”.
“Não é maneira de resolver seja o que for. Não é de todo, nem sequer ao murro. A vida não é uma arena de boxe, nem um filme ‘cowboys’”, observou, citada pela Alto Minho.