Os casos de gripe têm estado a aumentar no país, mas por agora a situação parece mais “calma” do que noutros anos. É o Norte que regista o maior número de casos. O balanço foi feito esta quinta-feira pela directora-geral da Saúde, que admite que epidemia de gripe é imprevisível.
Graça Freitas destacou três factores que diminuem o nível de preocupação. O vírus dominante é do tipo B, menos agressivo, não tem estado muito frio e por outro lado este ano há 2 milhões de portugueses vacinados, o que diminui o risco de propagação da gripe.
Afirmou que tem havido um aumento “ligeiro” na procura aos hospitais, centros de saúde e linha de Saúde 24, mas que a mortalidade se encontrada até abaixo do esperado para esta época do ano. “Se não houver uma alteração das temperaturas e do tipo de vírus, tudo indica que teremos uma época calma”, sublinhou Graça Freitas.
Esta quinta-feira o Público noticiou que das 1269 camas extra previstas nos planos de contingência dos hospitais, um terço já foram activadas, com os sindicatos a alertarem para urgências no limite.
Questionada sobre as dificuldades em alguns serviços, a responsável rejeitou que exista uma situação de caos e adiantou que o índice de sobrecarga dos hospitais não mostra qualquer unidade a encarnado.
“Até aqui a resposta é suficiente”, disse Graça Freitas, reconhecendo, no entanto, que se a época gripal fosse pior o cenário poderia ser diferente e que as unidades têm de ter planos de retaguarda face à imprevisibilidade da epidemia. Também alguns centros de saúde já estão a funcionar com horário alargado e a medida pode ser estendida em caso de necessidade, disse a directora-geral da Saúde.
O pico da gripe estava previsto para estes dias, mas só é possível perceber se o pior já passou quando os casos começarem a diminuir, o que é esperado nas próximas semanas.
GRIPE NAS CRIANÇAS
Questionada sobre haver mais crianças afectadas pela gripe este ano, em contra-ciclo com a Europa – onde têm sido registados mais casos de gripe A, que afecta mais os idosos – Graça Freitas explicou que, devido à menor imunidade, os mais novos são geralmente os primeiros a apresentar sintomas e a transmitir o vírus aos adultos, não havendo nada fora de comum este ano.
A nível nacional, o Norte continua a registar o maior número de casos de gripe, seguindo-se a região centro. No Alentejo e no Sul os casos são pontuais, em linha com o que tem acontecido noutros anos.
Segundo o último balanço do Instituto Ricardo Jorge, nos cuidados de saúde primários têm se verificado um aumento da procura por síndrome gripal em particular entre crianças e jovens.
Já nos hospitais este ano já foram reportados seis casos de internamento em unidades de cuidados intensivos devido a gripe. Houve necessidade de recorrer à reserva estratégica de zanamivir, antiviral usado nos casos mais graves de gripe, para tratar um doente.
PIOR ANO
Nos piores anos gripe e frio têm sido associadas a milhares de mortes em excesso nos meses de Inverno, onde já é expectável um aumento da mortalidade devido a infecções respiratórias mas também descompensação de doenças crónicas.
O pior registo remonta a 1998/1999, quando foi calculado um excesso de 8514 mortes. Na época gripal de 2014/2015 registaram-se 5591 mortes acima do esperado para esta altura do ano. No ano passado, apesar de a epidemia de gripe sazonal ter sido pouco intensa, registaram-se 3714 óbitos acima do esperado.
Redacção com i