Os membros da Aliança Atlântica, reunidos esta segunda-feira de emergência em Bruxelas, consideram que um novo conflito no Médio Oriente “não é do interesse de ninguém” e apelaram à contenção por parte do Irão, afirmou o secretário-geral da NATO.
Em declarações à imprensa após uma reunião dos embaixadores dos 29 membros da NATO para discutir a crise entre Estados Unidos e Irão, Jens Stoltenberg apontou que há vários anos que “todos os Aliados” têm manifestado preocupação com “as actividades de desestabilização do Irão” e apontou que se assistiu recentemente a “uma escalada por parte do Irão, incluindo o ataque a uma refinaria saudita e o abate de um drone norte-americano”.
“Na reunião de hoje [segunda-feira], os Aliados apelaram à contenção e ao fim da escalada. Um conflito não é do interesse de ninguém. O Irão deve evitar mais violência e provocações”, declarou.
Questionado sobre se alguns Aliados também pediram contenção aos Estados Unidos, Stoltenberg insistiu que os 29 “expressaram preocupação com as actividades destabilizadoras do Irão na região do Médio Oriente, incluindo apoio a grupos terroristas”, bem como com o programa de mísseis iraniano, e são unânimes em considerar que Teerão “nunca deve adquirir uma arma nuclear”.
Face às insistentes questões dos jornalistas sobre o papel dos Estados Unidos no actual conflito, e designadamente a decisão, tomada pelo Presidente Donald Trump, de matar o general iraniano Qassem Soleimani, o secretário-geral da Aliança Atlântica apontou que se tratou de “uma decisão dos Estados Unidos, e não da coligação global (contra o auto-denominado Estado Islâmico) nem da NATO”, e voltou a referir-se ao papel “desestabilizador” do Irão na região.
Questionado sobre uma eventual intervenção da NATO caso se assista a uma escalada do conflito, Stoltenberg escusou-se a “especular” sobre tal cenário, pois, argumentou, o que é necessário agora é travar a escalada da situação, e qualquer declaração nesse sentido teria o efeito inverso.
Stoltenberg afirmou também que a NATO continua fortemente empenhada no combate ao terrorismo, salientou que a missão de treino no Iraque é “um importante contributo” para os esforços da coligação global que combate o Estado Islâmico, e garantiu que a Aliança está “preparada para prosseguir as acções de formação e treino, assim que a situação no terreno o tornar possível”.
O general Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, foi morto na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdade, ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.
O Irão prometeu vingança e anunciou no domingo que deixará de respeitar os limites impostos pelo tratado nuclear assinado em 2015 com os cinco países com assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas – Rússia, França, Reino Unido, China e EUA – mais a Alemanha, e que visava restringir a capacidade iraniana de desenvolvimento de armas nucleares. Os Estados Unidos abandonaram o acordo em maio de 2018.
No Iraque, o parlamento aprovou uma resolução em que pede ao Governo para rasgar o acordo com os EUA, estabelecido em 2016, no qual Washington se compromete a ajudar na luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico e que justifica a presença de cerca de 5.200 militares norte-americanos no território iraquiano.
Fonte: TSF