“A Câmara Municipal de Braga está a impedir o esclarecimento da opinião pública sobre o negócio em torno da Fábrica Confiança”. A afirmação é da Plataforma Salvar a Confiança, a qual, em comunicado, afirma, ainda que, “o facto de usar de forma inapropriada termos como “restauro”, “residência universitária” ou “museu” só tem contribuído para enganar, não só os bracarenses, como responsáveis e instituições nacionais, como é o caso do Ministério da Cultura”.
Questionado pelo O Vilaverdense/PressMinho sobre as críticas da Plataforma, Ricardo Rio foi parco nas palavras: “O PIP – Plano de Informação Prévia é só um. É claro nas suas condições e foi esse que foi aprovado pelo Ministério da Cultura”. E acrescenta: “o resto são fait-divers de quem já não sabe o que mais há-de inventar sobre este tema!”.
SECRETÁRIA DE ESTADO
Na passada segunda-feira – acrescenta o organismo associativo – a secretária de Estado da Cultura pronunciou-se na Assembleia da República a propósito da antiga Fábrica Confiança, que está em vias de ser classificada como Monumento de Interesse Público.
Na sua intervenção referiu: “O edifício da Fábrica contará com um núcleo museológico onde se fará a preservação da história e da identidade da Fábrica Confiança. O edifício antigo será alvo de restauro e servirá para fins culturais”.
Trata-se, porém, – sustentam – “de um equívoco que tem sido repetido pelo presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, mas que não corresponde à proposta que vai levar esta sexta-feira a Assembleia Municipal Extraordinária. Daí que a Plataforma tenha já endereçado uma carta ao Ministério da Cultura alertando que o projeto proposto pela Câmara não corresponde às declarações da senhora Secretária de Estado, nem ao pressuposto exigido no parecer de arquitetura da Direção-Geral do Património Cultural (“Intervenção de restauro do edifício principal da antiga Fábrica de saboaria Confiança mantendo todas as suas características arquitetónicas e patrimoniais”).
300 APARTAMENTOS
Na verdade, tal como a Plataforma refere na carta ao Ministério, trata-se de um PIP (Pedido de Informação Prévia) que prevê a construção de um novo edifício no logradouro (com 7 pisos+2 subterrâneos e 300 “unidades de alojamento”), intervenção que se estende ao edifício histórico da Rua Nova de Santa Cruz.
De acordo com o PIP, este edifício antigo não será alvo de efetivo “restauro” uma vez que as exigências funcionais para os diversos usos previstos (habitação, comércio, serviços e outros) é incompatível com a integridade arquitetónica deste bem patrimonial.
Ao contrário do que tem sido repetido pela autarquia, – insiste a Plataforma – “o edifício histórico também não servirá para fins culturais. Dos 4030 m2 existentes, apenas 422 m2 são efetivamente dedicados a espaço museológico. Pelas dimensões e enquadramento, não será qualquer “museu” relacionado com a memória da Confiança, como tem referido a autarquia. Com efeito, além desta reduzida área, não existe qualquer outro espaço no PIP que se possa designar cultural. O que quer dizer que 90% da área do edifício antigo da Fábrica estará afeta a fins não-culturais e de uso privativo.
Luís Moreira (CP 8078)