Nem todos os portugueses que estavam em Wuhan voltaram a Portugal. Exemplo disso é João Pedrosa que, por razões pessoais, decidiu ficar na cidade chinesa onde teve origem o surto de coronavírus.
À TSF conta que se esforça para manter a vida normal. “Levanto-me todos os dias como se fosse trabalhar, não houve um único dia em que não fizesse a barba e que não me arranjasse como se fosse sair”.
A actividade física também é um ponto importante na rotina de João Pedrosa, que pedala durante uma hora na bicicleta estática que tem em casa. Confessa até que chega a ir à porta para “fazer de conta” que vai sair de casa.
“Estou sempre ocupado, acabo por preparar trabalho para quando a minha empresa o retomar”, conta.
Até a cozinha já sentiu esta rotina: “Tirei tudo para fora, fiquei com tudo desarrumado e tive de arrumar outra vez”. A roupa também já é uma distracção.
João Pedrosa trabalha numa empresa alemã em Wuhan que pensa retomar alguma da normalidade no final da próxima semana.
O português decidiu não voltar a Portugal “na quinta ou na sexta-feira”. Fazia parte da lista de portugueses que foram repatriados mas acabou por não seguir viagem. Chegou mesmo a estabelecer contacto com o resto do grupo, ainda para combinar como se encontrariam: “Conseguimos criar alguns laços, apesar de não termos estado juntos”.
Depois acabou por revelar que não iria entrar no avião: “Eles entenderam que era uma decisão pessoal”. A família também se mostrou compreensiva.
Esta quinta-feira completam-se 15 dias desde que João Pedrosa saiu pela última vez de casa. “De alguma forma, fiz já uma quarentena”, conta.
É, por isso, altura de ir fazer compras, apesar de ainda ter “comida e papel higiénico” em casa.
Da janela, o que lhe provoca mais estranheza é a ausência das crianças. “Aqui há dezenas de crianças e agora não as vejo na rua”.
Este surto de coronavírus já matou quase 500 pessoas e há perto de 25 mil infectados na China.
Fonte: TSF
Foto: José Pedrosa