O jornalista Fang Bin começou a filmar a vida em Wuhan, o epicentro do novo coronavírus, na província de Hubei, na China, e desde então atraiu a atenção das autoridades. No primeiro dia de Fevereiro, depois de mostrar oito corpos numa carrinha funerária e de entrar num hospital e assistir à declaração de um óbito, Bin desapareceu, avança a organização internacional de notícias em inglês Quartz (QZ).
O chinês recebeu a visita das autoridades em casa. Recusou abrir-lhes a portas, porque queriam medir-lhe a temperatura, até que quem estava do outro lado da porta a arrombou. Fang Bin levado para uma esquadra, onde foi acusado de receber financiamento estrangeiro e de publicar “rumores”.
“Detonaste a bomba nuclear. Em vez de mostrares o lado positivo, mostraste cadáveres”, ter-lhe-ão dito, segundo o The Washington Post, que divulgou parte do diálogo entre Bin e as autoridades.
Bin foi detido no domingo e, nesse mesmo dia, publicou um último vídeo em que apela à resistência dos cidadãos chineses. Desde então, está desaparecido.
O vídeo – o tal em que Bin conta oito cadáveres e mostra o interior de um hospital – já tem mais de 250 mil visualizações.
Recorde-se que, à semelhança de Bin, também Chem Qiushu, outros dos jornalistas chineses destacados para cobrir o surto de coronavírus, não dá notícias há quatro dias. O jornalista chegou a Wuhan a 24 de Janeiro, um dia depois de a cidade ter sido sujeita a um bloqueio imposto pelo Estado para impedir que os cidadãos saíssem e, desta forma, conter a propagação do vírus.
Redacção com Executive Digest