Centena de manifestantes oriundos de todo o Minho e Trás-os-Montes, participaram este sábado numa marcha pelas ruas de Viana do Castelo contra a prospecção de lítio em Portugal, que consideram ser uma “hecatombe” e uma “ameaça” ambiental.
Os números de participantes divergem. Segundo o comissário Costa Pereira, da PSP de Viana do Castelo, citado pela Lusa, o protesto contou com de “250 a 300” pessoas. Pela sua vez, organização apontou mais de 400 manifestantes.
Organizada pelo movimento SOS Serra d’Arga, Corema – Associação de Defesa do Património/Movimento de Defesa do Ambiente e Património do Alto Minho, SOS Terras do Cávado, SOS Serra da Cabreira e Em Defesa da Serra da Peneda Soajo, a marcha decorreu de forma pacífica.
Partindo a meio da manhã do edifício da Agência Portuguesa do Ambiente – Administração de Região Hidrográfica Norte, junto à ponte Eiffel, o desfile percorreu as artérias da frente ribeirinha, numa extensão de cerca de dois quilómetros, tendo terminado, uma hora depois, na praça da República, no centro da cidade.
Uma viatura da PSP abriu a marcha que integrou pessoas de todas as idades de várias freguesias da Serra d’Arga, autarcas, representantes de partidos políticos, entre outros.
A Serra d’Arga abrange uma área de 10 mil hectares, dos quais 4.280 se encontram classificados como Sítio de Importância Comunitária.
“Vamos fazer uma festa pela sustentabilidade ambiental, pela defesa da nossa região, da nossa água, dos nossos terrenos agrícolas, da nossa herança e património”, afirmou Carlos Seixas.
“Não haverá nem um buraco. Estamos dispostos a ir até onde for necessário. Cada passo que o Governo dê, nós estaremos lá”, avisou.
Também o porta-voz do SOS Terras do Cávado, Vasco Santos, advertiu que a “luta” contra o lítio é para “continuar” por se tratar de “uma hecatombe ambiental e social” que o Governo “quer impor ao povo”.
“Os concursos do lítio são um negócio de amigos para dar milhões aos mafiosos”, acrescentou.
Durante o desfile pelas ruas da cidade, os bombos e concertinas afinaram as vozes que entoaram palavras de ordem como “Galamba escuta, o povo está em luta”, dirigidas ao secretário de Estado da Energia, ou “Minas não, vida sim”. Já nos cartazes empunhados pelos manifestantes podia ler-se: “Não envenenem a nossa água”, “Vida sim, minas não”, “Queremos água, queremos vida, não à mineração” e “Os nossos filhos merecem rios limpos”.
O Governo quer criar em 2020 um ‘cluster’ do lítio e da indústria das baterias e vai lançar um concurso público para atribuição de direitos de prospecção de lítio em 9 áreas do país.
Para além dos dois contratos já anunciados em Montalegre e Boticas, são abrangidas as áreas de Serra d’Arga, Barro/Alvão, Seixo/Vieira, Almendra, Barca Dalva/Canhão, Argemela, Guarda, Segura e Maçoeira.