Eleita este sábado de madrugada, Isabel Camarinha, militante do PCP, 59 anos, dos quais 30 na luta sindical, é primeira mulher liderar a CGTP, sucedendo a Arménio Carlos. António Costa já manifestou a intenção de propor ao Presidente da República, a condecoração do ex-líder sindical.
Isabel Camarinha é desde 2016 a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal e abraça agora um novo desafio à frente da central sindical.
Ana Avoila lembra-se de Isabel “desde sempre” como alguém que “há anos anda na luta sindical”.
Para a líder da Frente Comum, o facto de ser a primeira mulher é “importante”, mas “mais do que ser uma mulher, o que conta é que um líder prossiga o caminho que a CGTP tem tipo e creio que a Isabel tem essas condições”. “As lideranças às vezes são a cara, mas quem decide é quem está por trás, é o colectivo”, lembra a sindicalista.
Mário Nogueira não tem dúvidas de que a escolha “vai ter uma postura de continuidade” em relação ao trabalho que tem vindo a ser feito, e realça que a liderança “vai contar com sectores fortes”.
“A CGTP é um corpo que para poder andar tem de ter pernas e para poder estar forte tem de ter alicerces adequados”, enaltece.
O líder da Fenprof desvaloriza o facto de Isabel Camarinha ser a primeira mulher a liderar a central sindical. “Não significa rigorosamente nada, a Isabel ou outra camarada não seria escolhida por ser uma mulher, isso seria até uma desvalorização”, diz, frisando que esta escolha apenas demonstra que “dentro da central não há discriminação”.
Isabel Camarinha recebe o testemunho de Arménio Carlos, que esteve oito anos no cargo. No momento da despedida, o líder cessante garantiu que, venha quem vier, a CGTP se manterá “livre”.
CONDECORAÇÃO
Entretanto, o secretário-geral cessante da CGTP, Arménio Carlos, foi este sábado “completamente surpreendido” pela intenção do primeiro-ministro, António Costa, de propor ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a condecoração do líder sindical.
“Neste momento, quem deve ser condecorado é a CGTP pelos seus 50 anos e pelo contributo que deu para a valorização do trabalho e dos trabalhadores”, disse Arménio Carlos à margem do XIV congresso de dois dias da Intersindical.
Arménio Carlos, que disse ter sido “completamente surpreendido” pelo anúncio do primeiro-ministro, com quem manteve sempre “um bom relacionamento”, não quis para já comentar esta intenção do chefe do Governo, afirmando que não recebeu qualquer proposta nesse sentido.
“Não recebi nenhuma proposta, portanto, não comento propostas que não recebi”, disse.
“Creio que quem terá de apresentar uma proposta é o senhor Presidente da República e só me pronunciarei quando isso acontecer”, acrescentou.
António Costa anunciou, este sábado no Twitter, que tenciona sugerir a Marcelo Rebelo de Sousa a condecoração de Arménio Carlos e saudou a nova líder da central sindical, Isabel Camarinha.
“No dia em que cessa funções como secretário-geral da CGTP-IN, quero agradecer o contributo de Arménio Carlos para a consolidação do diálogo tripartido em Portugal e por todo o trabalho desenvolvido em prol de um país mais justo”, escreveu António Costa na sua conta pessoal na rede social.
Depois, o primeiro-ministro lançou a sugestão de o secretário-geral cessante da CGTP-IN ser condecorado em breve.
“Como reconhecimento público da sua dedicação em defesa dos direitos do trabalho e dos trabalhadores, irei sugerir ao senhor Presidente da República que promova a condecoração de Arménio Carlos, pelos serviços meritórios praticados nestas funções”, justificou.
António Costa saudou também a sucessora de Arménio Carlos na liderança da CGTP, Isabel Camarinha.
“À nova secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, desejo as maiores felicidades, reforçando a disponibilidade do Governo para manter o diálogo em conjunto, em busca de mais igualdade e melhoria de condições e direitos para os trabalhadores”, escreveu o primeiro-ministro.
Redacção com TSF