Para comemorar o 25 Abril, a Companhia de Teatro de Braga (CTB) apresenta uma programação especial, ao longo de todo o dia, com intervenções e depoimentos de diversos convidados e duas produções da companhia.
Tanto na página de facebook da CTB (https://pt-br.facebook.com/companhiateatrobraga/)como no site oficial (www.ctb.pt), a CTB convida a assistir aos testemunhos de personalidades como José Manuel Mendes, poeta, escritor, professor e presidente da APE – Associação Portuguesa de Escritores; Jorge Cruz, jornalista e homem de letras; Manuel Guede Oliva, dramaturgo e encenador e Rui Madeira, director da companhia bracarense.
Durante o dia estão, ainda disponíveis pequenas performances e leituras de actrizes, actores e artistas plásticos da CTB bem como de outros convidados, sendo a programação preenchida com a exibição de dois espectáculos online.
Para os mais novos, ‘Buraco’, um texto de Regina Guimarães, uma reflexão acerca dos preconceitos sobre a guerra que, em tempos de paz ameaçada, são veiculados por agentes só aparentemente alheios à sua lógica triunfante.
Para os mais graúdos, ‘Pára-me de Repente’, um texto de Vergílio Alberto Vieira, um espectáculo que se inicia na Guerra Colonial e que nos projecta noutros momentos charneira da nossa história colectiva e nos traz de ‘volta a casa’, exauridos da Viagem e pasmados do Futuro.
‘A COR DA LIBERDADE’
A propósito deste ‘estranho’ e ‘covideo’ 25 de Abril, Rui Madeira, director da CTB, escreve o texto ‘A Cor da Liberdade’, título ‘roubado’ a Jorge de Sena, que se reproduz na íntegra:
“O medo! A insegurança. A desconfiança do outro. A proibição de ajuntamentos na rua a mais de 2 pessoas. A interdição de fronteiras, o boato como estratégia, a urgência sentida da “invenção do amor” como no poema de Daniel Filipe, a precariedade no trabalho. E na vida.
Os “mortos sem sepultura” no olhar do filósofo, o olhar pela janela e reinventar um futuro… até a volta da ‘telescola’, o respeitinho à distância e “neste país de diminutivos, respeitinho é muito bonito” como dizia o O’Neill.
E de repente no país dos 3 efes, só 1 funciona: “fado quer dizer destino/ sorte que a vida nos traz / cantá-lo é puxar o sino/ que só toca a horas más”.
Alguns dos que ainda hoje resistem “conhecem o sal” destas palavras como conheceu Jorge de Sena, outros muitos dos que nestes dias pariram sem despedidas não aguentaram o tempo nem o tiveram para respirar a Cor da Liberdade!
É por esses, pelo reconhecimento da importância da Memória para o nosso devir colectivo e pela nossa teimosia (agora diz-se resiliência) de sermos portugueses que a CTB assinala e Comemora o 25 de Abril”.
Fernando Gualtieri (CP 1200)