Comissão Coordenadora Concelhia de Braga do Bloco de Esquerda (BE) quer que a Câmara Municipal explique os motivos que levaram à retirada da autarquia do manifestado ‘Autarquias sem Glifosato’, promovido pela associação ambientalista Quercus.
A retirada do município da lista de autarquias livres de glifosato, que subscrevera em 2016, surge depois de a Quercus, adianta o BE, “ter recebido denúncias sobre a aplicação do herbicida em Braga”.
“Após ter alertado a Câmara de Braga para a violação do manifesto, e não tendo os alertas evitado que o município prosseguisse com a aplicação do herbicida, a Quercus viu-se obrigada a retirar o município da lista de autarquias sem glifosato”, conta.
“Quando confrontado com a situação, o vereador do Ambiente [Altino Bessa] escusou-se, dizendo que é a empresa municipal Agere a responsável pela aplicação de glifosato no concelho”. Ora, acrescentam os bloquistas, “a Quercus esclarece que a subscrição do manifesto abrange as autarquias “quer directamente, quer através de empresas concessionárias””.
Referindo que uso de glifosato “é proibido por lei em espaços públicos como jardins de infância, hospitais ou parques urbanos”, o Bloco afirma que a autarquia deve esclarecer em que “locais e em que condições está a ser aplicado glifosato” e explicar “os motivos que levaram a este retrocesso e que põe em risco a saúde pública, os animais e o ambiente”.
Recordando que glifosato é considerado genotóxico e “provavelmente carcinogénico para humanos” pela Agência Internacional para a Investigação do Cancro, da Organização Mundial de Saúde, a Coordenadora do BE bracarense considera que “havendo dúvidas sobre a toxicidade e perigosidade de um produto fitofarmacêutico, o princípio da precaução deve imperar e os produtos não devem ser utilizados”.
Os bloquistas esclarecerem que muitas ervas e flores espontâneas que brotam em meio urbano “não devem ser eliminadas, já que muitas não são infestantes”, oferecendo “múltiplas vantagens” aos centros urbanos, designadamente ao enriquecer a biodiversidade, ajudando os insectos polinizadores e as aves; ao facilitar a infiltração da água das chuvas nos solos, prevenindo cheias; ao fixar carbono, contribuindo para o combate à crise climática, e ao produzir oxigénio, além de embelezar as cidades.
“As ervas e flores espontâneas são particularmente importantes em cidades como Braga onde os espaços verdes escasseiam”, afirmam.
“Nas zonas onde é necessário controlar a abundância de plantas espontâneas podem ser usadas alternativas aos produtos fitofarmacêuticos, como o controlo mecânico ou o recurso a compostos biológicos amigos do ambiente”, concluem.
Fernando Gualtieri (CP 1200)