Na madrugada desta segunda-feira, a estátua do cónego Melo em Braga apareceu com novas pichagens, desta vez a azul, numa tentativa de apagar as inscrições, a vermelho, que já lá estavam. A figura do sacerdote continua polémica e a direita e a esquerda trocam argumentos à tinta e spray.
Fonte de um colectivo anti-fascista da Cidade dos Arcebispos acredita que tentativa – falhada- de apagar as frases foi efectuada por alguém “saudosista do fascismo” e não por qualquer “movimento organizado”.
“A pintura em cima das frases que lá estão não parecem ser feitas por um grupo de direita ou extrema-direita com uma organização mais ou menos consistente. É uma tentativa de cobrir as menções ao fascismo e ao padre Max muito primária. As frases anteriores continuam visíveis e a lerem-se”, diz ao PressMinho fonte de um colectivo anti-fascista da Cidade dos Arcebispos.
“Um movimento teria assinado a acção. Como isso não acontece, parece ter sido feita por algum saudosista do fascismo”, aponta.
Desde de 2013, data em que o monumento foi colocado na rotunda do cemitério Monte d’Arcos, que é alvo de polémica e de ataques da esquerda, que associa o eclesiástico bracarense ao fascismo, ao grupo de extrema-direita Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP) e ao assassinato de Maximino Barbosa de Sousa, mais conhecido como Padre Max, em 2 de Abril de 1976, vítima de um atentado à bomba no carro onde seguia juntamente com uma estudante.
Logo no dia seguinte à sua colocação, o monumento suscitou uma concentração de repúdio.
Contactada pela Lusa sobre as hipotéticas novas pichagens a vermelho que alguns órgãos de comunicação social diziam ter sido feitas na madrugada de domingo, a PSP de Braga afirma não lhe ter sido reportada nenhuma ocorrência referente à estátua, acrescentando que a última situação que lhe foi comunicada foi em 25 de Abril.
Por esse motivo, esta força policial acredita que estas ‘novas’ pichagens são referentes a essa data. Ou seja, não nada têm a ver com a onda mundial de ataques a monumentos de figuras conectadas com o racismo e colonialismo.
Opinião idêntica tem o presidente da Câmara. Também à Lusa, Ricardo Rio afirma que as pichagens feitas na estátua do cónego Eduardo Melo são “recorrentes” e não se enquadram nesta “vaga recente de actos de vandalismo contra determinados símbolos”.
Ricardo Rio acrescenta que as inscrições na estátua têm ocorrido com “alguma frequência” nos últimos anos porque, desde a sua instalação, que tem sido contestada.
“Embora não sendo consensual, houve a decisão de a instalar, tendo essa partido de uma iniciativa privada que na altura foi autorizada pelo município”, frisa o autarca.
Fernando Gualtieri (CP 1200)
Fotos Carlos Dobreira