Após décadas de incerteza, o histórico Salão Egípcio está a ganhar nova vida. O salão, que apresenta pinturas com motivos egípcios da autoria do pintor bracarense Lúcio Fânzeres, está a ser recuperado e ficará integrado numa nova unidade de alojamento local que irá nascer neste imóvel situado na rua do Souto, em Braga.
Para o presidente da Câmara Municipal de Braga este “é um projecto de recuperação de excelência” que “será, certamente, merecedor de reconhecimento ao nível da reabilitação urbana”.
“É com muita satisfação que vemos o Salão Egípcio completamente recuperado e integrado num projecto que tem este cunho de salvaguarda do património e de toda a sua dimensão estética e funcional”, referiu Ricardo Rio durante uma visita realizada à obra.
O autarca lembrou que o Salão Egípcio estava num estado de degradação avançado, situação que causou “muita apreensão por parte de toda a sociedade bracarense”.
“Em 2014, quase uma década após o pedido de classificação apresentado por uma associação bracarense de defesa do património, a Câmara Municipal assumiu a classificação do Salão Egípcio e, desta forma, assegurou a integridade deste edifício reconhecido como expressão da originalidade da arquitectura de interiores na cidade”, assinalou.
A unidade de alojamento, que deve ficar concluída no prazo de um ano, é constituída por nove quartos situados nos pisos superiores, assim como uma área para a realização de pequenos eventos. O rés-do-chão do edifício setecentista terá uma vertente comercial.
O projecto promovido por um privado salvaguarda os elementos de valor decorativo e histórico, com especial atenção para o Salão Egípcio e para uma outra sala decorada com uma pintura originária que remonta à época romântica.
Miguel Bandeira, vereador da Regeneração Urbana e do Património, recorda que o Salão Egípcio “é um dos últimos testemunhos sobreviventes no país do Orientalismo revivalista que teve uma particular expressão nas artes decorativas da primeira metade do século XX em Portugal”.
O vereador enaltece ainda “o cuidado que o promotor teve no projecto de reabilitação do edifício ao preservar a arquitectura do edifício e todos os seus elementos decorativos que é uma mais-valia para a cidade e um exemplo a seguir em outras intervenções”.