Esta sexta-feira, a Vogue Portugal divulgou quatro capas da edição de Julho/Agosto com o nome The Madness (A Loucura) cujo tema de foco é a saúde mental. Uma capa em concreto recebeu inúmeras críticas, umas delas na voz da manequim portuguesa, Sara Sampaio. A revista deixou um esclarecimento, mas a resposta não convenceu a modelo.
A capa ilustra uma modelo numa banheira com duas enfermeiras ao seu lado naquilo que apresenta ser uma instituição psiquiátrica. “Este tipo de fotos não deveria estar a representar a conversa sobre saúde mental! Acho de muito mau gosto!”, confessou Sara Sampaio, a viver actualmente em Nova Iorque.
As críticas multiplicaram-se nos comentários das redes sociais da publicação. “Como alguém que já esteve institucionalizado numa ala de saúde mental, acho a ideia de aperfeiçoar esteticamente o assunto dessa forma na capa da Vogue na edição ‘A Loucura’ verdadeiramente incompreensível”, “Inapropriado em vários níveis”, “Pessoas com problemas de saúde mental e institucionalizadas não são uma moda”, “Isto é ofensivo”, são apenas alguns dos comentários condenatórios.
Sara Sampaio não quis apenas deixar um comentário e gravou um testemunho em vídeo (https://www.instagram.com/tv/CCL6t6RgadQ/?utm_source=ig_embed).
“Parece que é uma instituição mental antiga. Parece um daqueles hospitais psiquiátricos que torturavam. Aquilo provocou-me pela forma como a saúde mental é tratada na imprensa, especialmente em Portugal, por causa da minha própria experiência”, começou por explicar.
A manequim, que sempre foi transparente sobre os seus ataques de ansiedade e pânico, descreveu a sua realidade e de que forma é que o tratamento da imprensa, em especial a portuguesa, a fragilizou.
Sara Sampaio conta que depois de confessar as situações de ansiedade e os efeitos na sua vida, as respostas e manchetes de artigos que recebeu tornaram mais difícil a sua realidade. “Para uma pessoa que estava a lidar com ansiedade e ataques de pânico ainda ter de lidar com isso foi devastador”.
Em Portugal, alguns meios de comunicação, davam conta de que vários contratos publicitários da modelo tinham terminado antecipando o fim da sua carreira.
“Começou a ser muito difícil para mim trabalhar, mas ainda bem que estou rodeada de pessoas que me amam”, sublinhando que recebeu ajuda do agente, de amigos e de um psiquiatra. Foi diagnosticada com depressão [num quadro mais leve] e agorafobia.
Emocionada, a modelo do Porto sublinhou que as pessoas com problemas de saúde mental, podem e devem pedir ajuda, “que não são loucas” e que uma consulta da área deve ser tida em conta como qualquer outra. Sara Sampaio deixou ainda links para sites especializados.
Ainda durante esta sexta-feira, a revista deixou um comunicado nas redes sociais, mas a resposta não convenceu nem os seus seguidores, nem Sara Sampaio.
Os jornais Metro e The Guardian fizeram notícia da edição portuguesa da revista de moda.
Redacção com MAGG e SIC Mulher