Os deputados do Bloco de Esquerda (BE) eleitos pelo círculo eleitoral de Braga, José Maria Cardoso e Alexandra Vieira, defendem que a suspensão de consultas e cirurgias poderia ser evitada se fossem contratados os 2.300 profissionais de saúde com contrato temporário e os 8.400 profissionais para o SNS prometidos na apresentação do Orçamento do Estado para 2020.
No encontro realizado esta quinta-feira, através de vídeo-conferência com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N), os deputados do BE destacaram a importância do investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para “a garantia de serviços de saúde de qualidade à população” e congratularam os profissionais pelo “esforço e dedicação” neste período de combate à pandemia.
A pensar na retoma da actividade normal dos hospitais e centros de saúde, os bloquistas quiseram conhecer os planos para dar resposta aos utentes que cujos atendimentos foram adiados. A direcção da ARS Norte, reporta o Bloco, referiu que “o investimento numa central virtual, através do reforço da Rede de Informação da Saúde, permitiu assegurar consultas à distância, estratégia que se manterá nos próximos meses, inclusivamente através da criação de salas de tele-saúde”.
No encontro, que teve objectivo de avaliar questões relacionadas com a retoma das consultas e cirurgias suspensas durante a pandemia do covid-19, o Bloco questionou ainda a situação em concreto de um utente de psiquiatria do Hospital de Braga que viu adiada a consulta em 11 meses, “ficando com a garantia da ARS que irá tentar perceber o que se passou, uma vez que o tempo de espera não é adequado”.
No caso das cirurgias, a ARS, citada pelo BE, “admite que, “apesar dos investimentos que têm sido feitos nas unidades de cuidados intensivos para libertar outras unidades dos hospitais para o serviço normal, vai ser necessário recorrer a vales cirurgia convencionados com privados, para se proceder a intervenções cujo tempo de espera tenha sido ultrapassado”.
No entender dos parlamentares bloquistas, estas situações “poderiam ser evitadas caso fossem contratados os 2.300 profissionais de saúde contratados temporariamente e os 8.400 profissionais para o SNS que ficaram prometidos aquando da apresentação do OE2020”.
O Bloco manifesta-se também preocupado com o Programa Nacional de Vacinação, que “poderá não estar a ser cumprido porque há pessoas com receios de se deslocarem aos centros de saúde”.
“ A ARS, no momento, não dispunha dos números que permita perceber a realidade, mas salientou que, em Abril, as unidades de saúde familiar começaram a chamar os utentes de forma a garantir a toma das vacinas no período estipulado pelo plano”, afirma o BE.
Os bloquistas questionaram ainda sobre o número de utentes sem médico de família, que a ARS garante ser “menos de 1% da população”, e sobre os procedimentos para a construção do novo Hospital de Barcelos, que se encontra em fase de elaboração do projecto.
Fernando Gualtieri (CP 1200)