A Polícia Judiciária (PJ) deteve, esta quinta-feira, três médicos e dois enfermeiros sob suspeita de fraude milionária ao Estado, com comparticipações de falsos tratamentos em clínicas médicas.
Em causa está o tratamento da ozonoterapia, onde simulavam determinados tratamentos aos doentes que não eram executados. Só a ADSE foi burlada em mais de 500.000 euros, segundo a TVI.
A Operação Terapia envolveu buscas a clínicas médicas, residências e empresas e investiga crimes de corrupção, burla qualificada, falsificação de documento e propagação de doença.
Uma das práticas do esquema era convencer os utentes de que a ozonoterapia tinha um efeito de prevenção contra a covid-19.
Este tipo de prática não é comparticipada pelos subsistemas de saúde, sendo que também não existe qualquer convenção ou protocolo entre a ADSE e as ditas clínicas. Acresce, de acordo com a PJ, que são realizadas por profissionais que não estão devidamente habilitados.
“Existem indícios que os suspeitos recorrem ainda a práticas pouco esclarecedoras, convencendo os utentes de que a ozonoterapia se mostra eficaz no tratamento do covid-19 ou de que permite ganhar imunidade, explorando a fragilidade e vulnerabilidade de pessoas receosas do vírus ou mesmo infectadas, sabendo os suspeitos que com a prática destes atos podem contribuir para a propagação de doença contagiosa, criando perigo para a vida ou perigo grave para a integridade física das vítimas e de terceiros”, precisa a PJ em comunicado.
Nestas clínicas realizavam-se ainda análises clínicas, designadamente para detecção de infecção por SARS-Cov-2, que causa a covid-19, sem para tal estarem licenciadas ou reunirem as condições necessárias, designadamente de direcção clínica.
A operação, a cargo da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ, foi realizada por 50 elementos daquela polícia e teve a colaboração da Ordem dos Médicos. Além das buscas e dos mandados de detenção, a acção policial permitiu ainda recolher elementos de prova que consubstanciam os crimes imputados no inquérito.
As diligências policiais foram acompanhadas por procurador do Departamento Central de Investigação e Acção Penal e por um juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal.
Os detidos têm idades entre os 32 e 62 anos e serão submetidos a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação.
Redacção com TVI